“É um plano cheio de boas intenções. Esperemos que na prática as coisas funcionem”, disse à agência Lusa o presidente da plataforma que junta cerca de 70 associações de defesa dos doentes crónicos e de profissionais de saúde, em reação às medidas que foram hoje aprovadas em Conselho de Ministros.
Jaime Melancia reconheceu que um plano de emergência “nunca está muito virado para as doenças crónicas”, mas considerou “benéfico para os doentes crónicos” que as medidas previstas permitam “libertar muito a carga” do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Tudo o que seja atender a doença aguda leve fora dos hospitais, é permitir que haja libertação de recursos para que os doentes crónicos sejam bem tratados”, salientou Jaime Melancia, que se manifestou “agradado” com as medidas previstas no documento.
“É evidente que esses planos, depois, quando passam à prática, têm sempre os seus engulhos. Há que esperar para ver”, referiu o presidente da Plataforma Saúde em Diálogo, destacando o recurso previsto aos setores social e privado de forma complementar e quando foram esgotadas as capacidades do SNS.
“Sem dúvida que o envolvimento da parte privada e social nesta assistência que é precisa para todos nós é fundamental”, referiu Jaime Melancia, para quem tratar bem os doentes crónicos não contribui apenas para o aumento da sua qualidade de vida, como também evita que voltem ao sistema com outras comorbilidades associadas às doenças crónicas.
O plano de emergência e transformação na saúde é composto por cinco eixos prioritários – combate às listas de espera, ginecologia/obstetrícia, serviços de urgência, cuidados de saúde primários e saúde mental – que incluem 54 medidas para serem implementadas de forma urgente, prioritária e estrutural ao longo do tempo.
O Governo prevê, para as medidas urgentes, resultados até três meses; para as prioritárias, resultados até ao final deste ano; e para as estruturantes, resultados a médio e longo prazo.
Na apresentação do documento, o primeiro-ministro anunciou que o plano pretende esgotar os recursos do SNS até ao limite, mas que conta também com os setores social e privado de forma complementar para melhorar o acesso dos utentes aos cuidados de saúde que necessitam.
Luís Montenegro disse ainda que não pretende “vender a ilusão” que as dificuldades se vão resolver rapidamente, alegando que o setor enfrenta problemas “profundos e estruturais”.
LUSA/HN
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