Plataforma avalia impacto das mudanças climáticas na saúde no centro de Moçambique

5 de Agosto 2024

 Uma plataforma lançada pelo Instituto Nacional de Saúde (INS) de Moçambique vai avaliar o impacto das mudanças climáticas na saúde no centro do país, e respetivas respostas sanitárias, foi hoje anunciado.

“O investimento em sistemas de saúde resilientes às mudanças climáticas não é uma escolha, mas sim um imperativo”, afirmou Cecília Chamutota, secretária de Estado em Sofala, província no centro de Moçambique, após o lançamento na Beira, na terça-feira, da Plataforma de Monitoria do Impacto das Mudanças Climáticas na Saúde.

A plataforma vai ser implementada inicialmente nos distritos de Dondo, Buzi e Nhamatanda, para apoiar o Ministério de Saúde a assegurar a prestação de cuidados em função das necessidades específicas e localizadas, numa região assolada por vários ciclones nos últimos anos.

A plataforma permitirá ainda a partilha de experiências na resposta a emergências sanitárias, entre outros aspetos que visam melhorar a prestação de saúde em períodos de emergência.

O diretor nacional do INS disse que a implementação da ferramenta justifica-se pela vulnerabilidade de Moçambique, por conta da localização geográfica do país.

Eduardo Samo Gudo garantiu que o setor da saúde tem vindo a trabalhar para responder aos novos desafios impostos pelas mudanças climáticas e o seu impacto na saúde.

“O Ministério da Saúde de Moçambique tem vindo a implementar diversas ações para edificar um sistema de saúde resiliente às mudanças climáticas”, afirmou.

Eduardo Samo Gudo disse acreditar no sucesso da plataforma e no possível futuro alargamento a outras províncias do país.

A coordenadora da área de saúde e ambiente do INS, Tatiana Marufo, disse que o novo sistema vai ajudar a identificar e garantir a devida assistência de saúde às comunidades em caso de calamidades naturais.

“Nós temos uma expectativa enorme em relação a esta plataforma, visto que pretendemos trabalhar com as comunidades mais vulneráveis para tentar perceber porque é que temos subsequentemente interrupção de prestação de cuidados de saúde. E assim nós vamos desenhar as melhores intervenções adaptadas ao contexto de cada distrito, para que tenhamos resiliência”, concluiu.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas, enfrentando ciclicamente secas, cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

Em setembro de 2023, o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, apelou para a preparação da população e das entidades para os previsíveis efeitos do fenómeno ‘El Niño’ no país, com previsões de chuvas acima do normal e focos de seca.

“A história repete-se. Então, temos de criar condições de resiliência. Nesse sentido, o Governo emitirá avisos regulares para manter a população informada e preparada para as condições climáticas que podem não ser favoráveis à vida, à produção ou às infraestruturas”, afirmou.

O ‘El Niño’ é uma alteração da dinâmica atmosférica causada por um aumento da temperatura oceânica. Este fenómeno meteorológico provocou também chuvas torrenciais na África Oriental, que causaram este ano centenas de mortos no Quénia, Burundi, Tanzânia, Somália e Etiópia.

LUSA/HN

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