Com quase 4.000 casos relatados numa semana, “podemos ver o aumento (…) em comparação com a semana passada (…) Isto mostra-nos que o surto ainda está a progredir”, disse Jean Kaseya, diretor-geral dos Centros Africanos de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC África), numa conferência de imprensa ‘online’, repetindo um apelo por vacinas há muito esperadas.
De acordo com os últimos dados da agência da UA, que sublinha que nestes países é difícil ter a notificação de casos, foram documentados até agora 22.863 casos (3.641 confirmadas e 19.222 pendentes de resultados de análise) no Burundi, Camarões, República Centro-Africana (RCA), República Popular do Congo, Costa do Marfim, República Democrática do Congo (RDCongo), Gabão, Libéria, Quénia, Nigéria, Ruanda, África do Sul e Uganda.
“A vigilância (epidemiológica) em África continua a ser fraca. Sabemos que em muitas zonas temos uma subnotificação dos casos”, alertou Kaseya, que disse que a instituição vai enviar 72 epidemiologistas para as zonas afetadas para melhorar o registo das infeções.
Sobre a chegada das vacinas ao continente, o diretor do CDC África disse esperar que as primeiras doses cheguem no início do próximo mês de setembro à RDCongo – país que faz fronteira com Angola e onde está o maior número de casos.
Kaseya recordou que a União Europeia (UE) vai doar ao continente mais de 215 mil doses da vacina fabricada pela empresa farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic, a única aprovada contra o mpox pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e pela congénere dos Estados Unidos da América.
“O que estamos a fazer é tentar unir os esforços de todos os países africanos”, disse o diretor-geral da agência de saúde, que prevê convocar uma reunião dos chefes de Estado da região em setembro para aprovar um plano de resposta continental.
O Governo da RDCongo pediu ao Japão a doação de dois milhões de doses da vacina produzida pela empresa japonesa KM Biologics, e as negociações progrediram bem nesse sentido, disse em conferência de imprensa o epidemiologista Ngashi Ngongo, chefe do Gabinete Executivo do CDC África.
O CDC África declarou o mpox uma “emergência de saúde pública de segurança continental” em 13 de agosto.
Um dia depois, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou um alerta sanitário internacional para o mpox, uma doença infecciosa que pode causar glândulas inchadas e erupções cutâneas dolorosas ou com comichão, incluindo borbulhas ou bolhas.
O alerta sanitário da OMS está relacionado com a rápida propagação e a elevada mortalidade da nova variante (clade 1b) no continente africano e com um primeiro caso na Suécia de um viajante que esteve numa zona de África onde o vírus circula intensamente.
Esta variante é diferente da clade 2, que causou um violento surto em África em 2022 e centenas de casos na Europa, na América do Norte e em países de outras regiões, e que já levou à declaração de uma emergência sanitária internacional entre 2022 e 2023.
LUSA/HN
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