“A equipa apenas tem um médico, que faltou. O motivo ainda não foi apresentado, mas pode estar relacionado com a greve. Foi possível prestar primeiro atendimento de enfermagem e, sempre que necessário, os doentes foram encaminhados para outro nível de cuidados”, referiu fonte da Unidade Local de Saúde de Coimbra.
O Sindicato dos Médicos da Zona Centro lançaram um aviso prévio de greve até ao final do ano para paralisação da sua atividade profissional ao trabalho suplementar ou extraordinário entre as 0 horas de 07 de Setembro e as 24 horas de 31 de dezembro de 2024.
Apesar do aviso de greve, a ULS de Coimbra garante que o SAC irá manter-se em funcionamento. “A ULS de Coimbra valoriza o direito à greve dos médicos. Contudo, valoriza o acesso a cuidados de saúde aos utentes que, sem outra alternativa aos fim de semana, tolerâncias e feriados, apenas têm como resposta uma urgência hospitalar onde pagam uma taxa moderadora”, apontou.
Questionada sobre as medidas defendidas pelos médicos, referidas hoje à Lusa pelo que o dirigente sindical Ivo Reis, para abertura dos centros de saúde ao sábado, fonte da ULS de Coimbra adiantou que as “unidades de saúde familiar são parte da ULS de Coimbra”, mas cabe ao “conselho de administração definir a estratégia e políticas de saúde”.
“A implementação destas estratégias é seguida por um diálogo permanente com todas as equipas de profissionais: hospitalares, cuidados de saúde primários e cuidados continuados. A direção clínica dos cuidados de saúde primários acordou com duas equipas a abertura do SAC de Coimbra. Com outras unidades, o diálogo mantém-se”, explicou.
A ULS esclareceu ainda que “a direção clínica não se opôs à abertura aos sábados de manhã”. Contudo, “o número de atendimentos por fim de semana não justifica este serviço em cada unidade de saúde familiar”. Ou seja, “não existe demonstração da sua necessidade, daí a aposta numa resposta concentrada no SAC”.
O Serviço de Atendimento de Coimbra (SAC) abriu hoje no Centro de Saúde Fernão Magalhães, mas não está a funcionar em pleno devido à greve dos médicos, disse à Lusa fonte sindical.
Segundo o médico de Medicina Geral e Familiar e dirigente da direção do Sindicato dos Médicos da Zona Centro, Ivo Reis, “o médico que estava escalado para prestar hoje serviço não compareceu por estar em greve”.
Ivo Reis salientou que não estão “contra os médicos trabalharem ao fim de semana, se isto prestar serviço à população”.
“Somos contra este serviço que não tem sentido. A ULS de Coimbra abre um serviço para 180 mil utentes, com 24 vagas. Se existem 24 senhas para tirar, isto vai ser uma enchente surreal, que vai obrigar a quem está lá a uma pressão exagerada, que é ter que fazer triagem de quem é atendido e quem não atende”, explicou.
O médico da Unidade de Saúde Familiar de Celas revelou que os profissionais defendem outro tipo de medidas, nomeadamente, a possibilidade de poder abrir o seu serviço aos sábados, com 50% do horário para consultas programadas e outros 50% para consulta aberta “para quem aparecesse para consulta aguda”.
“Imaginemos que um bebé precisa de ser observado. Os pais trabalham, é lícito estarmos sempre a obrigar as pessoas a irem durante a semana ao centro de saúde? Temos de começar a pensar que as pessoas querem outras alternativas também assistenciais”, adiantou.
O médico considera um “contra-senso” o facto de a ULS ter impedido os médicos de abrir as suas USF ao sábado, mas de pôr a funcionar o SAC. “Foi-nos retirada a possibilidade de abrir todos os centros de saúde, para isto? Uma coisa ‘popularucha’, porque temos um centro de saúde novo? Vamos servir quem? Não vamos servir ninguém”, criticou.
LUSA/HN
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