Num artigo hoje publicado no jornal Público, Manuel Pizarro considera que a alteração introduzida na campanha de vacinação deste ano de retirar das farmácias as pessoas com 85 anos ou mais, que terão de se vacinar nos centros de saúde, é “uma discriminação incompreensível”.
“Mudar só por mudar, ainda mais sem qualquer evidência técnica, não serve o interesse público. Na saúde pode mesmo representar um sério retrocesso, como mostra a paralisia do processo de contratação de médicos, após a alteração abrupta e escusada das regras dos concursos”, escreve o ex-governante.
A campanha de vacinação sazonal do outono-inverno de 2024-2025 começa em 20 de setembro e, este ano, nas farmácias comunitárias é recomendada a vacinação para utentes entre 60 e 84 anos de idade.
Este ano, a vacinação contra a gripe com dose reforçada é alargada às pessoas com 85 ou mais anos de idade – para além das pessoas residentes em lares e na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) -, mas estes utentes terão de ser vacinados nos centros de saúde.
No artigo hoje publicado, Manuel Pizarro sublinha que a vacinação é essencial na defesa da saúde pública e, no caso da gripe e da covid-19, “permite proteger os mais vulneráveis, em especial pessoas com mais idade ou que sofrem de doenças que diminuem as defesas imunitárias”.
“Importa facilitar o acesso às vacinas e estimular a adesão por parte das populações”, escreve Manuel Pizarro, que no final do artigo apela ao Ministério da Saúde para que “não exclua da vacinação nas farmácias os mais idosos”.
A decisão de retirar das farmácias a vacinação das pessoas com 85 aos ou mais já tinha merecido críticas da Ordem dos Farmacêuticos (OF), que considerou que “seria benéfico” continuar a permitir a vacinação desta população nas farmácias comunitárias.
A OF considerou igualmente que a alteração poderá ser “uma complexidade adicional” para a população e para o processo de vacinação.
Em declarações à agência Lusa depois de anunciada a campanha de vacinação, a diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado, explicou que a intenção das autoridades de saúde com esta alteração é “minimizar idas da população aos centros de saúde”, aproveitando as consultas de rotina.
Rita Sá Machado disse ainda que a DGS irá reavaliar a campanha de vacinação para “ver que metodologia será utilizada no próximo ano”.
O Governo vai gastar 7,6 milhões de euros com a vacinação contra a covid-19 e a gripe nas farmácias e quer ter mais pessoas vacinadas até ao final de novembro.
LUSA/HN
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