Mais de dois milhões de crianças nasceram nos 18 meses de guerra no Sudão

14 de Outubro 2024

Mais de dois milhões de crianças nasceram nos 18 meses de guerra no Sudão, que causaram fome e colapsaram o sistema de saúde, deixando fora de serviço mais de 80% dos hospitais, denunciou hoje a organização Save the Children.

A ONG, que indica que estes números se baseiam em análises próprias e em estimativas da ONU, advertiu, em comunicado, que “os primeiros 28 dias de vida de uma criança são os mais perigosos e com maior risco de morte”.

A organização recordou também que este é o “período mais perigoso para a mãe” e observou que, mesmo antes do início da guerra no Sudão, o país africano com cerca de 50 milhões de habitantes “tinha uma das taxas de mortalidade materna mais elevadas do mundo”.

“O conflito cada vez mais violento (…) tornou a prestação de cuidados de saúde cada vez mais difícil, colocando as mães e as crianças em risco de complicações que podem ter consequências para toda a vida e ser mesmo fatais”, refere-se na nota.

A organização sublinha que, de acordo com o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), cerca de 80% dos hospitais nas zonas mais afetadas pelo conflito foram encerrados e duas em cada três pessoas não têm acesso a serviços de saúde essenciais.

“O pessoal médico, os fornecimentos, a água potável e a eletricidade são escassos e o pessoal médico, as instalações, os transportes e os fornecimentos estão sob ataque”, acrescentou.

O diretor nacional interino da Save The Children no Sudão, Mohamed Abdiladif, advertiu que “as crianças nascidas de mães subnutridas correm um risco acrescido de sofrer de restrição do crescimento fetal, o que contribui para piores resultados em termos de saúde numa fase posterior da vida e para o aumento da mortalidade neonatal”.

A ONG apelou à comunidade internacional para que “tome medidas políticas urgentes para fazer face a esta crise” e para que “disponibilize mais fundos para reforçar os sistemas de saúde” no Sudão.

LUSA/HN

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