O novo estudo, publicado na quarta-feira no New England Journal of Medicine, analisou 198 transplantes renais realizados nos EUA, noticiou a agência Associated Press (AP).
Os investigadores encontraram resultados semelhantes quer o órgão doado viesse de uma pessoa com ou sem o vírus da SIDA.
No mês passado, o Departamento de Saúde propôs uma alteração às regras que permitiria estes tipos de transplantes renais e hepáticos fora dos estudos de investigação.
A regra final aplicar-se-ia tanto aos dadores vivos como aos dadores falecidos. Se for aprovada, poderá entrar em vigor no próximo ano.
Os participantes no estudo eram seropositivos, tinham insuficiência renal e concordaram em receber um órgão de um dador falecido seropositivo ou de um dador falecido seronegativo, consoante o rim que ficasse disponível primeiro.
Os investigadores acompanharam os recetores dos órgãos até quatro anos. Compararam a metade que recebeu rins de dadores seropositivos com aqueles cujos rins vieram de dadores sem VIH.
Ambos os grupos apresentaram elevadas taxas semelhantes de sobrevivência global e baixas taxas de rejeição de órgãos.
Os níveis de vírus aumentaram em 13 doentes no grupo de dadores de VIH e em quatro no outro grupo, principalmente devido a doentes que não tomavam medicamentos para o VIH de forma consistente, e em todos os casos regressaram a níveis muito baixos ou indetetáveis.
“Isto demonstra a segurança e os resultados fantásticos que estamos a ver com estes transplantes”, defendeu o coautor do estudo, Dorry Segev, da NYU Langone Health.
Em 2010, cirurgiões na África do Sul forneceram a primeira evidência de que a utilização de órgãos de dadores seropositivos era segura em pessoas com VIH.
Mas a prática não foi permitida nos Estados Unidos até 2013, quando o Governo levantou a proibição e permitiu estudos de investigação, a pedido de Segev.
Inicialmente, os estudos eram com dadores falecidos. Depois, em 2019, Segev e outros da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, realizaram o primeiro transplante renal do mundo, de um dador vivo com VIH para um recetor VIH positivo.
Ao todo, foram realizados 500 transplantes renais e hepáticos de dadores seropositivos nos EUA.
As pessoas com VIH têm sido ativamente desencorajadas de se inscreverem como doadores de órgãos devido ao estigma e às leis e políticas estatais desatualizadas que criminalizam a doação de órgãos para pessoas com VIH, lembrou Carrie Foote, professora de sociologia na Universidade de Indiana, em Indianápolis.
“Não só podemos ajudar aqueles que vivem com esta doença, como também libertamos mais órgãos em todo o conjunto de órgãos para que aqueles que não têm VIH possam obter um órgão mais rapidamente”, frisou Foote, que é seropositiva e dadora de órgãos registado.
“É uma situação em que todos ganham”, acrescentou.
Mais de 90 mil pessoas estão em lista de espera para transplantes renais, de acordo com a Rede de Aquisição e Transplante de Órgãos dos EUA. Em 2022, mais de 4 mil pessoas morreram à espera de rins.
LUSA/HN
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