Este estudo, publicado na revista Cell, desafia a visão tradicional que considerava grande parte do RNA não codificante como “lixo”.
Os investigadores utilizaram a tecnologia de edição genética CRISPR, em sua versão mais recente, que utiliza a enzima Cas13 para agir diretamente sobre o RNA, sem afetar os genes codificadores de proteínas adjacentes. A pesquisa abrangeu quase 6.200 pares de genes longos de RNA não codificante (lncRNA) e genes codificadores de proteínas em cinco linhagens celulares humanas, incluindo células renais, leucemia e cancro da mama.
Ao longo do estudo, foram identificados 778 lncRNAs essenciais para a função celular, sendo 46 deles considerados universalmente essenciais. A equipa descobriu que esses RNA não codificantes desempenham um papel crucial na regulação das vias de proliferação celular, um processo relevante tanto para o desenvolvimento humano como para o cancro. A perda destes lncRNAs pode comprometer a progressão celular e levar à morte celular .
Além disso, a análise de cerca de 9 mil tumores permitiu aos investigadores identificar lncRNAs cuja expressão estava alterada em tipos específicos de cancro, sugerindo que podem servir como novos biomarcadores e alvos terapêuticos, abrindo portas para a medicina personalizada no tratamento oncológico. “Esses RNA não codificantes podem levar a novas estratégias terapêuticas para o cancro”, afirmou Neville Snajana, um dos autores do estudo
Esta descoberta representa um avanço significativo na compreensão do papel do RNA não codificante e suas potenciais implicações na saúde humana e no tratamento de doenças.
LUSA/HN
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