BE quer medidas para que grávidas tenham acompanhante no parto em São Miguel

13 de Novembro 2024

O BE nos Açores quer que sejam criadas condições para que as grávidas voltem a ter acompanhante no parto em São Miguel, alegando que esse direito "tem sido negado" desde o incêndio no hospital, foi hoje anunciado.

“Se, por um lado, já era inadmissível a impossibilidade de as grávidas terem acompanhante nos partos por cesariana no HDES [Hospital do Divino Espírito Santo], a situação do incêndio piorou a experiência de parto destas mulheres e famílias, uma vez que passaram a ter de estar sozinhas num momento de extrema importância nas suas vidas”, considera o Bloco de Esquerda (BE) num requerimento que enviou hoje ao Governo Regional (PSD-CDS/PP-PPM).

O Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, o maior dos Açores, foi afetado por um incêndio no dia 04 de maio, que obrigou à transferência de todos os doentes internados para outras unidades de saúde, incluindo para fora da região.

Num comunicado de imprensa enviado às redações, o BE adianta que solicitou, no requerimento, explicações ao Governo açoriano sobre a situação do acompanhamento no parto na ilha de São Miguel.

“É do conhecimento público que, desde o incêndio que afetou o Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em 04 de maio de 2024, as grávidas estão impedidas de ter acompanhante durante o trabalho de parto”, aponta o deputado único do BE no parlamento açoriano, António Lima.

O Bloco quer que o Governo explique porque motivo “não foram ainda emanadas diretrizes” para que o hospital privado CUF Açores, para onde estão a ser encaminhadas as grávidas, altere os procedimentos e permita a presença de acompanhantes.

“Irá o Governo Regional alterar a sua conduta em relação à restrição de acompanhante nos partos por cesariana? Se sim, quando entrará em vigor?”, questiona António Lima, no requerimento.

Por outro lado, o deputado, que é também dirigente regional do partido nos Açores, denuncia o incumprimento do Governo da resolução aprovada no parlamento que recomendava medidas de prevenção e combate à violência obstétrica nos Açores, nomeadamente a realização de um estudo regional anónimo sobre práticas de violência obstétrica, a implementação de um inquérito de satisfação às mulheres em relação à sua experiência de parto e ações de sensibilização para a prevenção e combate à violência obstétrica.

O Bloco refere que se “desconhece verdadeiramente o grau de violência obstétrica na região”, porque o Governo Regional “não avança” com estas medidas que foram recomendadas pelo parlamento, por proposta do BE.

“Todas estas lacunas, combinadas com a atual situação hospitalar na ilha de São Miguel, poderão ter consequências negativas na experiência de parto das mulheres e famílias”, lê-se ainda.

LUSA/HN

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