De acordo com os dados do programa do Serviço Nacional de Saúde avançados à agência Lusa, foram avaliados 28.103 doentes, mais 9,6%, e a capacidade média instalada ao longo do ano em camas em casa dos doentes foi de 366, mais 2,5% face a 2023.
“O número de doentes tratados foi de 11.500 o que representa um incremento de 14,6%”, refere um relatório do programa, salientando que as equipas conseguiram “com mais segurança e qualidade” reduzir a demora média de internamento para 9,3 dias.
Em 2024, os dias de internamento poupados aos hospitais foram 107.041, mais 11,4% que em 2023, tendo o número de doentes internados em casa diretamente da urgência hospitalar aumentado 13,2%, assim como os da consulta externa (20,4%).
As admissões diretas, sem passar pelo hospital, com referência dos cuidados primários e do hospital de dia aumentaram 48,1% e 20,3%, respetivamente.
Em declarações à agência Lusa, o Coordenador do Programa Nacional de Implementação das Unidades de Hospitalização Domiciliária nos hospitais do SNS, Delfim Rodrigues, afirmou que estes resultados permitiram reduzir a taxa de mortalidade esperada para 2%, segundo o índice de classificação de doenças (ICD10), quando nos hospitais é de cerca de 5%.
“Isto verifica-se porque os doentes em casa têm outro tipo de condições de tratamento, até em termos ambientais, que não têm nos hospitais. Logo à partida, não estão sujeitos às infeções nosocomiais [hospitalares]”, disse Delfim Rodrigues.
Segundo o responsável, o ambiente “mais seguro” em casa propicia melhores resultados em todo o ciclo do tratamento, desde o internamento do doente até a sua alta.
Por outro lado, os profissionais de saúde, em especial médicos e enfermeiros, “têm perfeita consciência” de que os doentes quando estão internados muitos dias, particularmente a partir do 8.º dia, começam a perder massa muscular (1% ao dia).
Delfim Rodrigues referiu que o plano individual de tratamento destes inclui reabilitação e fisioterapia a partir do primeiro dia.
Realçou também a importância da avaliação nutricional, que é realizada nas primeiras 24 horas de internamento domiciliário, sendo depois desenhado um programa de nutrição adequado às necessidades clínicas e fisiológicas do doente, “o que contribui para a sua mais rápida reabilitação” e para um tempo de internamento menor do que teria no hospital.
Os doentes são acompanhados por equipas multidisciplinares que realizaram 138.000 visitas a casa dos doentes, mais 6,1%, sendo o tempo médio de permanência de 37,04 minutos, mais 7,7%.
“As nossas equipas com pouco conseguem fazer muito. Têm todo o reconhecimento dos doentes da família da sociedade em geral”, disse Delfim Rodrigues, qualificando-as como “tropa de elite”.
De acordo com os dados reportados pelas várias unidades locais de saúde (ULS), cerca de 20% das unidades trataram 43% dos doentes.
Todas as ULS do país têm unidades de hospitalização domiciliária, à exceção de Vila Franca de Xira e Braga, que deverão iniciar “em breve” o programa.
Cerca de 90% dos doentes são candidatos a esta forma de tratamento, “com menos custos, mais qualidade, mais segurança e mais acessibilidade, porque pode não haver cama no hospital, mas as pessoas, independentemente da qualidade da casa, da qualidade da cama, têm sempre cama em casa”, vincou.
lusa/HN
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