Mariana Mortágua, que falava hoje no Barreiro, no distrito de Setúbal, num almoço convívio com militantes do Bloco de Esquerda, disse ainda que o seu partido vai marcar para 06 de fevereiro uma interpelação na Assembleia da República sobre saúde, uma iniciativa que surge na sequência da demissão do diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Falta cair a ministra. Falta cair a responsável por ter instalado uma rede de interesses privados e corporativos dentro do Ministério da Saúde”, disse a líder do BE adiantando que António Gandra d´Almeida “não é o único, faz parte de uma clique, de uma rede de interesses que o Governo instalou para gerir o SNS e todos têm uma coisa em comum. Todos pertencem à Delegação do Norte da Ordem dos Médicos e todos têm, de uma forma ou de outra ligação ao PSD”.
António Gandra D’Almeida pediu na sexta-feira a demissão imediata das suas funções depois de o canal de televisão SIC ter noticiado que acumulou, durante mais de dois anos, as funções de diretor do INEM do Norte, com sede no Porto, com as de médico tarefeiro nas urgências de Faro e Portimão, tendo com isso ganhado mais de 200 mil euros por vários turnos de trabalho.
“Queremos a ministra na Assembleia da República a responder pelo desastre do SNS e também pela teia de interesses que montou dentro do Ministério da Saúde e que agora vemos cair, um a um, pela sua incompetência, pela sua ganância e pelo projeto que têm para privatizar o SNS”, disse.
Mariana Mortágua acusa o Governo de querer privatizar a saúde, e de ter um plano nesse sentido.
Contudo considera que o Governo tem um problema porque “a equipa que escolheu para privatizar a saúde não se aguenta”.
“Caem uns atrás dos outros, porque é uma agência de liquidação que está mergulhada em conflitos de interesses. São uns atrás dos outros e nós não deixamos, não vamos deixar passar nem um. Porque o SNS é do povo. Não é deles para saquear, não é deles para destruir, não é deles para vender. É do povo”, frisou.
Na sua intervenção no encontro com militantes do Bloco de Esquerda do Barreiro, Mariana Mortágua abordou ainda outro tema, a alteração à lei dos solos defendida pelo Governo e à qual o BE se opõe, considerando que este quer “abrir a caixa de Pandora”, permitindo que solos agrícolas, rústicos, em reserva ecológica possam ser transformados em especulação imobiliária.
“Esta lei tem de ser travada”, disse explicando que o decreto “é um convite à especulação e à corrupção” e um convite ao retrocesso a tudo o que se fez mal no país em matéria de ordenamento do território.
Segundo Mariana Mortágua, é importante que o primeiro-ministro e o ministro da Coesão respondam para que serve a alteração à lei dos solos e a quem a serve a nova lei.
Na próxima terça-feira, o ministro da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, irá ser ouvido na comissão e no dia 24 o parlamento irá pronunciar-se sobre o assunto.
O anúncio da nova lei dos solos gerou contestação, com o PS a propor alterações ao decreto, enquanto os deputados da comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação aprovaram por unanimidade o requerimento do Bloco de Esquerda (BE) para audição, com caráter de urgência, dos ministros das Infraestruturas e Habitação e da Coesão Territorial.
O requerimento do BE pede ainda a audição da ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, da Rede H – Rede Nacional de Estudos sobre Habitação, da arquiteta de Helena Roseta e de Jorge Moreira da Silva, que era ministro do Ambiente em 2013, quando a lei dos solos foi originalmente aprovada.
NR/HN/Lusa
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