Humanos possuem anticorpos que reconhecem e neutralizam vírus da gripe aviária

25 de Janeiro 2025

Uma investigação sugere que os humanos possuem anticorpos capazes de reconhecer estirpes da gripe aviária H5N1, um vírus altamente patogénico que está a causar surtos em aves selvagens e domésticas de todo o mundo e já causou a morte de uma pessoa.

Os resultados do estudo da Universidade de Harvard mostram que os anticorpos humanos reconhecem este vírus, o que constituiria “uma primeira linha de defesa” em caso de pandemia, apontam os autores num artigo publicado na sexta-feira na revista Science Immunology.

Para conduzir o estudo, a equipa de investigadores analisou células B de sete pessoas saudáveis e identificou anticorpos ‘ingénuos’ capazes de reconhecer a região da “cabeça” da hemaglutinina específica do H5, uma molécula de superfície dos vírus da gripe, e neutralizar o H5N1.

Esta descoberta indica que os humanos podem ter anticorpos capazes de proteger contra vírus da gripe aviária potencialmente pandémicos.

Após vários casos humanos documentados de gripe aviária em 2024, os Estados Unidos reportaram a sua primeira morte humana associada ao H5N1 no início do ano e, embora a transmissão de pessoa para pessoa ainda não tenha ocorrido, alguns estudos previram que com apenas algumas mutações no vírus gene da hemaglutinina, o vírus H5 poderia evoluir e disseminar-se em gotículas.

Para caracterizar a resposta imunitária humana ao H5N1, a equipa de investigadores liderada pelo virologista de Harvard, Jared Feldman, analisou células B de sete dadores humanos saudáveis, sem exposição conhecida ao vírus H5.

Utilizando sondas de hemaglutinina, identificaram células B ‘ingénuas’ (linfócitos que não foram expostos a qualquer antigénio) que reconheciam o H5N1 e as que apresentavam reação cruzada com o H5 e uma variante sazonal do H1N1.

Assim, verificaram que as células B possuíam anticorpos contra a região da “cabeça” ou de ligação ao recetor da hemaglutinina H5N1 e contra as regiões “tronco” ou sem cabeça dos vírus H1/H5.

As células B reativas à “cabeça” H5 foram mais frequentes do que as células reativas cruzadas H1/H5.

A equipa de investigação determinou que a maioria dos anticorpos reativos ao H5 também reconheciam outras estirpes patogénicas relacionadas com o H5 que estão atualmente a circular.

Experiências posteriores revelaram que os anticorpos tinham como alvo locais vulneráveis na “cabeça” do HA do H5 e partilhavam semelhanças com anticorpos protetores isolados de humanos infetados e de ratos imunizados contra o H5N1.

Por fim, os autores demonstraram que um subconjunto dos anticorpos poderia neutralizar o H5N1 in vitro.

lusa/HN

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