Cobrança de cuidados de saúde a estrangeiros inviável em muitos casos

12 de Fevereiro 2025

A ministra da Saúde admitiu hoje que a cobrança de cuidados tem sido inviável numa “percentagem relevante” dos estrangeiros que recorrem ao SNS, apontando os casos do Oeste, do Algarve e do Hospital Fernando Fonseca.

“É verdade que temos uma percentagem relevante, sobretudo em três zonas – no Oeste, no [Hospital] Fernando Fonseca e no Algarve, onde esta cobrança, esta faturação, essa identificação da entidade financeira responsável se torna, de acordo com os administradores, inviável”, afirmou Ana Paula Martins na Comissão de Saúde, onde está a ser ouvida a pedido do Chega.

Segundo referiu, a esmagadora maioria dos estrangeiros recorrem ao Serviço Nacional de Saúde através das urgências, que, de acordo com a legislação em vigor, não pode recusar assistência a quem precise de receber cuidados urgentes.

Ana Paula Martins citou dados da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), para adiantar que, entre 2021 e 2024, o número de estrangeiros assistidos no Serviço Nacional de Saúde foi de 330 mil, dos quais 139 mil não estavam cobertos por seguros ou protocolos de cooperação com o SNS.

“Com os dados que temos hoje, sabemos que cerca de 40% dos estrangeiros que recorrem ao SNS não têm nem protocolos de cooperação, nem seguros”, afirmou a ministra aos deputados.

A governante salientou no entanto que os estrangeiros são uma parte muito reduzida dos serviços prestados pelo serviço público de saúde.

Em resposta à deputada do PS Susana Correia, a governante adiantou que a IGAS está a fazer um novo levantamento para apurar estes dados em concreto.

Antes da intervenção inicial da ministra, o deputado do Chega Rui Cristina alertou que o turismo de saúde “ameaça a sustentabilidade do sistema”, tendo em conta que “cada vez mais estrangeiros beneficiam de cuidados sem qualquer contrapartida”.

NR/HN/Lusa

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

SMZS assina acordo com SCML que prevê aumentos de 7,5%

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) assinou um acordo de empresa com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) que aplica um aumento salarial de 7,5% para os médicos e aprofunda a equiparação com a carreira médica no SNS.

“O que está a destruir as equipas não aparece nos relatórios (mas devia)”

André Marques
Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

DGS Define Procedimentos para Nomeação de Autoridades de Saúde

A Direção-Geral da Saúde (DGS) emitiu uma orientação que estabelece procedimentos uniformes e centralizados para a nomeação de autoridades de saúde. Esta orientação é aplicável às Unidades Locais de Saúde (ULS) e aos Delegados de Saúde Regionais (DSR) e visa organizar de forma eficiente o processo de designação das autoridades de saúde, conforme estipulado no Decreto-Lei n.º 82/2009.

Ana Santos Almeida: ‘avançar na promoção da saúde da mulher

Em entrevista exclusiva ao Healthnews, a Professora Ana Santos Almeida revela como o projeto AGEWISE revoluciona a compreensão da menopausa, explorando a interação entre o microbioma intestinal e as hormonas sexuais. Com o uso de Inteligência Artificial, o projeto promove intervenções personalizadas para melhorar a saúde das mulheres durante o envelhecimento.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights