PCP propõe que internato seja integrado na carreira médica

18 de Fevereiro 2025

O PCP vai propor que o internato seja integrado na carreira médica por considerar que poderá contribuir para fixar profissionais no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e garantir o seu funcionamento adequado.

Em declarações aos jornalistas em Leiria, no âmbito das Jornadas Parlamentares do PCP, a líder da bancada comunista, Paula Santos, destacou que “um dos principais problemas com que o SNS hoje está confrontado é a falta de profissionais de saúde, em particular de médicos”.

“É necessário contratar e fixar médicos no SNS para garantir o adequado funcionamento dos serviços públicos de saúde. O que verificamos é que, hoje, o SNS não garante condições e tem levado a que muitos médicos nem sequer optem por ficar no SNS”, referiu.

Paula Santos salientou que 70% das vagas no concurso recente para a contratação de médicos de medicina geral e familiar ficaram vagas, o que “revela bem que há muitos profissionais que fazem outras opções na sua vida, porque não lhes são garantidas essas condições de desenvolvimento profissional no SNS”.

“O que nós vamos propor é a integração do internato médico na carreira médica, ou seja, a fase de formação médica especializada estar já integrada na carreira médica. Quando os médicos internos concluem a sua especialização, já se encontram na carreira”, disse.

A líder parlamentar do PCP reconheceu que são necessárias outras medidas, mas considerou que este projeto de lei contribuiria para a fixação de médicos, porque, “entre a conclusão do internato e o decorrer do concurso até à sua colocação, muitas das vezes há atrasos e médicos que, sem saber como é que vai ser, acabam por tomar outras opções”.

“Neste caso, estando o internato médico já na carreira, os próprios médicos, assim que o internato termina, já estão na carreira e nós achamos que pode ser um elemento que contribua para fixá-los”, disse.

O PCP já tinha apresentado esta proposta durante o processo de discussão do Orçamento do Estado para 2025 e Paula Santos salientou que o partido está a insistir na mesma porque acha que “pode marcar a diferença”.

“Os problemas são estruturais, temos consciência que é preciso uma intervenção com diversas soluções, mas esta, no concreto, pode contribuir para fixar profissionais, dar mais garantias e estabilidade”, referiu.

Para a líder parlamentar do PCP, “está mais do que comprovado que o caminho que o Governo pretende não resolve os problemas do SNS e só tem contribuído para o seu agravamento”.

“São encerramentos, profissionais que continuam a abandonar o SNS, são aqueles que não concorrem aos concursos e as vagas acabam por ficar desocupadas. Portanto, não é isso que é necessário. O que é necessário é investimento”, defendeu.

Esta segunda-feira, no âmbito das jornadas parlamentares, o PCP organizou um encontro sobre saúde na Marinha Grande, no qual vários utentes se queixaram do facto do centro de saúde local ter deixado de funcionar 24 horas sobre 24.

Outra das queixas ouvidas por Paula Santos durante esse encontro relacionaram-se igualmente com a falta de assistência médica em pequenas localidades, como na povoação da Moita, cuja extensão de saúde foi encerrada.

“A freguesia não tem nenhum freguês com assistência de médico de família. Zero. Tem umas instalações [de saúde] modernas, bem apetrechadas com material necessário e já funcionou com bastantes valências. Atualmente está fechada ”, criticou um dos utentes.

Já outro, residente na Vieira, teme que o mesmo se venha a verificar na sua aldeia, salientando que acha que se está a “ensaiar o encerramento” da extensão de saúde local, o que está a ter impactos diretos na sua vida pessoal.

“A minha companheira tem diabetes, felizmente controlados, de nível dois. Já fez três análises para ser vista pelo médico dos diabetes e há 15 meses que não lhe marcam uma consulta”, lamentou.

LUSA/HN

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