Mariana Mortágua: Marcelo deve garantir que Governo em gestão não ultrapassa poderes

16 de Março 2025

A coordenadora do BE considerou hoje que o Presidente da República deve garantir que o Governo em gestão não ultrapassa os seus poderes e defendeu que o executivo não pode tomar decisões com “impacto estratégico” para o país.

“Não me parece que haja uma influência entre o Governo de gestão e a execução do PRR ao longo destes meses. No entanto, o Presidente da República tem o dever de garantir que o Governo em gestão não ultrapassa os seus poderes”, afirmou Mariana Mortágua, em declarações aos jornalistas antes de intervir num encontro anual organizado pelos Jovens do Bloco, em Lisboa.

A líder bloquista sustentou que o Governo, estando em gestão, “não pode tomar decisões que influenciem ou que tenham impacto estratégico no país”.

Mariana Mortágua foi questionada sobre as declarações do Presidente da República, no sábado à noite, em que afirmou que a crise política não deverá prejudicar a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

“Já aconteceu com o Governo anterior, e a ideia foi poder atuar como se fosse um Governo de plenos poderes. Já aconteceu em 2024”, disse Marcelo Rebelo de Sousa em declarações à TVI durante uma visita à Bolsa de Turismo de Lisboa.

A coordenadora do BE responsabilizou o primeiro-ministro por o país ir novamente a eleições e afirmou que “a não explicação do caso que leva às eleições persegue” Luís Montenegro e “vai persegui-lo ao longo da campanha”, referindo-se à empresa familiar Spinumviva.

Mariana Mortágua indicou que o partido vai “fazer balanços” sobre a governação PSD/CDS-PP em jeito de “antecipação das eleições”, que vão arrancar “ao longo desta próxima semana” e antecipou que um dos temas que o BE quer abordar na campanha será a habitação.

“Nós vamos fazer esta campanha centrada em propostas para resolver alguns problemas que achamos que são essenciais e, portanto, queremos fazer esta campanha sobre tetos nas rendas. Queremos fazer esta campanha para baixar o preço da habitação e queremos falar sobre isso e é preciso fazer também um balanço das medidas do Governo na habitação”, indicou.

Na ocasião, Mariana Mortágua falou também sobre o Governo ter dado início ao processo de conversão de cinco hospitais em parcerias público-privadas, e opôs-se a esta medida.

“Parece-me que deve ser travado estar a avançar com este plano desta forma. É um erro, é uma irresponsabilidade”, salientou, dizendo que o balanço da atuação do Governo na área da saúde “é mau”.

A bloquista disse que o que aconteceu nos últimos meses “foi o mesmo desastre, [mas] em pior”, com “mais pessoas sem médico de família, mais pessoas sem acesso à saúde, urgências em pior estado, e o que o Governo procurou fazer foi espalhar as pessoas da sua confiança política pelos cargos mais importantes, que vão da feitura do plano de emergência até às administrações hospitalares”.

“E isto não é feito apenas porque o Governo quer ter pessoas da sua confiança nos lugares-chave da saúde, é porque há um plano para executar, e esse plano passa por vender bocados do SNS a grupos privados”, criticou.

No “Inconformação”, encontro promovido pelos Jovens do Bloco que decorreu numa escola lisboeta, Mariana Mortágua falou sobre a “oligarquia que comanda a vida digital”, recolhendo dados pessoais “para fazer publicidade, para manipular comportamentos”, e que o BE quer combater.

“Toda esta infraestrutura está centrada em quatro ou cinco pessoas com poder como nenhum outro grupo económico alguma vez teve na vida. Nós dependemos do Elon Musk e da Amazon e da Google para comandar as nossas vidas, e sabemos o prejuízo disso”, afirmou, defendendo propostas redistribuir riqueza e “taxar os milionários”.

NR/HN/Lusa

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