Através de um comunicado, a OMS fez saber que as avaliações feitas “suscitam a preocupação de efeitos potencialmente mais profundos e prolongados nos sistemas e serviços de saúde em todo o mundo, especialmente em contextos vulneráveis e frágeis” e apelam a uma “ação urgente”, bem como uma “resposta internacional”.
Os dados da Assistência Oficial ao Desenvolvimento (ODA, na sigla inglesa) são recolhidos pela da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e têm por objetivo “identificar o apoio urgente de que os países necessitam para evitar impactos na saúde das populações e orientar o acompanhamento da situação”.
No balanço realizado entre março e abril deste ano que envolveu 108 representações da OMS em vários países, sobretudo em países de rendimento baixo e médio-baixo, demonstra que os países estão a realocar financiamento proveniente de fontes internas e externas.
Contudo, segundo o comunicado, “até 24% das respostas das representações nacionais da OMS sugerem que os cortes orçamentais já se estão a traduzir num aumento dos pagamentos diretos”.
“Estes resultados traçam um quadro preocupante sobre o impacto dos cortes súbitos e não planeados da ajuda na saúde de milhões de pessoas”, afirmou o Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da OMS.
“Embora estes cortes sejam um choque, estão também a impulsionar uma transição acelerada da dependência da ajuda para uma autossuficiência mais sustentável, baseada nos recursos internos. Muitos países estão a pedir o apoio da OMS, que está a trabalhar com eles para identificar e adaptar as medidas mais eficazes”, acrescentou Ghebreyesus.
Segundo os dados recolhidos, estas reduções e suspensões de financiamento estão a ter impacto a nível da preparação e da resposta a emergências sanitárias (70%), da vigilância da saúde pública (66%), da prestação de serviços (58%), da ajuda humanitária (56%) e da mão-de-obra no setor da saúde e dos cuidados de saúde (54%).
A OMS revela que vários serviços de saúde estão a sofrer interrupções na deteção e resposta a surtos, malária, VIH, tuberculose, infeções sexualmente transmissíveis, planeamento familiar e serviços de saúde maternoinfantil em pelo menos um terço dos países que responderam ao inquérito.
A OMS não tem dúvidas de que as perturbações que se registam são “comparáveis às observadas durante os períodos de pico da pandemia de COVID-19 em alguns contextos”, destacando ainda que “a escassez de medicamentos” e os “sistemas de informação foram particularmente afetados”.
lusa/HN
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