A microrrede elétrica resiliente, destinada a grandes edifícios ou comunidades de energia, pode garantir o fornecimento elétrico a cargas críticas durante situações extremas ou catastróficas, em que ocorra falha da rede elétrica pública, revelou a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), num comunicado enviado à agência Lusa.
No apagão de segunda-feira, esta tecnologia, situada no Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (DEEC) da FCTUC, “teve a sua prova de fogo com condições reais, conseguindo, com sucesso, fornecer eletricidade às cargas críticas do edifício e funcionar de forma autónoma da rede pública”.
“As microrredes são uma tecnologia que permite ter um sistema elétrico independente da rede elétrica inserido numa área geográfica específica e definida, como, por exemplo, um edifício, bairro ou localidade pequena”, revelou o estudante em Engenharia Eletrotécnica do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da FCTUC Alexandre Matias Correia.
Segundo o investigador, são usadas para fornecer eletricidade em zonas remotas onde a infraestrutura é fraca ou inexistente, para otimizar eficiência energética, custos e integração de energia renovável e, em casos extremos, garantir o fornecimento de energia elétrica aos clientes por si abrangidos quando todo o resto falha.
Esta microrrede tem como foco a resiliência e está concebida precisamente para fornecer eletricidade a cargas críticas (substituindo os geradores de emergência diesel), durante períodos prolongados (até 72 horas).
Para tal, tem instalado um sistema fotovoltaico dedicado, dois sistemas de baterias, equipamento de potência especializado para gestão e sincronização de rede, e carregamento bidirecional para veículos elétricos.
De acordo com o estudante da FCTUC, “este último sistema permite alimentar a rede elétrica local através da energia armazenada em veículos elétricos, o que possibilita aumentar ainda mais a duração do fornecimento de energia elétrica, assim como disponibilizar potência em locais onde a infraestrutura é inexistente ou foi danificada”.
Para além disso, a microrrede possui também uma capacidade regenerativa, usando os painéis fotovoltaicos e um sistema de gestão de cargas para recarregar baterias durante o dia, prolongando ainda mais o fornecimento às cargas críticas.
A microrrede resiliente já foi utilizada como protótipo piloto para outros trabalhos de investigação e ensino de Engenharia Eletrotécnica.
Um corte generalizado no abastecimento elétrico afetou na segunda-feira, desde as 11:30, Portugal e Espanha, continuando sem ter explicação por parte das autoridades.
Aeroportos fechados, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades e falta de combustíveis foram algumas das consequências do “apagão”.
O operador de rede de distribuição de eletricidade E-Redes garantiu na terça-feira de manhã que o serviço estava já totalmente reposto e normalizado.
lusa/HN
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