Guiné Equatorial admite penúria de antirretrovirais VIH/SIDA

31 de Maio 2025

O ministro da Saúde da Guiné Equatorial admitiu hoje que existe uma escassez de antirretrovirais num país onde cerca de 62 mil pessoas, de uma população de 1,5 milhões, vivem com VIH/SIDA.

“A escassez de antirretrovirais é o resultado de uma crise logística global sem precedentes, desencadeada por recentes decisões internacionais”, afirmou o ministro Mitoha Ondo Ayecaba, numa rara declaração transmitida pela televisão estatal.

O Presidente da Guiné-Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, governa o país com mão de ferro há 45 anos e a declaração do ministro surge após rumores persistentes de uma escassez, veiculados nomeadamente pelas redes sociais.

A retirada do apoio da administração Trump à Organização Mundial da Saúde (OMS), juntamente com o fim do PEPFAR, um programa lançado pelo ex-Presidente norte-americano George W. Bush para combater a SIDA, levou a um colapso na cadeia de abastecimento global, desde a produção até à entrega, de acordo com o ministro.

No entanto, sublinhou que “a Guiné Equatorial não era beneficiária do PEPFAR, mas o impacto na distribuição global afetou a capacidade de receber medicamentos nos prazos habituais”.

“Como não somos um país prioritário em termos de volume, as nossas encomendas sofreram atrasos”, justificou.

Mitoha Ondo Ayecaba anunciou que um primeiro lote de medicamentos antirretrovirais já tinha sido recebido e que são esperados mais dois carregamentos entre hoje e domingo, totalizando mais de 13 toneladas de medicamentos.

Um relatório do Ministério da Saúde aponta para a elevada percentagem de mortes nos hospitais públicos do país, com uma taxa de mortalidade de mais de 2.500 pessoas por ano.

Em março, o diretor executivo da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que, só na luta contra a SIDA, as decisões dos EUA de cortar a ajuda humanitária “poderiam inverter 20 anos de progresso, resultando em mais de 10 milhões de casos adicionais de VIH e 3 milhões de mortes relacionadas com o VIH, três vezes mais do que no ano passado”.

lusa/HN

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