A apresentação da página eletrónica Área do Cidadão, disponível no ‘site’ da Ordem dos Farmacêuticos, é apresentada na terça-feira no encontro “Proximidade entre o Farmacêutico e o Cidadão”, que decorrerá em Lisboa e será dedicado à “promoção da literacia em saúde e ao reforço do papel dos farmacêuticos na vida dos cidadãos”.
Em declarações à agência Lusa, o bastonário da OF, Helder Mota Filipe, explicou a importância de abrir a Área do Cidadão a toda a população, para que possa ter acesso a informação científica e credível “escrita de uma maneira acessível”.
“Em geral há um problema de literacia na saúde e a disponibilização de muita informação, através das redes sociais, etc., nem sempre contribui para essa literacia porque muita da informação não está validada, não é correta”, salientou.
Para Hélder Mota Filipe, é fundamental que os profissionais de saúde e as organizações que os representam possam contribuir para a acessibilidade a uma “informação adequada, correta, que permita às pessoas uma melhor capacidade de decisão e de informação relativamente à sua saúde e à forma como podem promover a saúde e tratar a doença”.
Esta plataforma também surge como resposta ao estudo PaRIS da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que recolhe dados sobre resultados em saúde reportados pelos doentes, segundo o qual “pouco menos de metade das pessoas com doenças crónicas em Portugal (49%) recebem apoio suficiente para gerir a própria saúde”, um valor inferior à média da OCDE (63%).
Os dados do PaRIS indicam igualmente que “Portugal apresenta uma baixa literacia digital em saúde, com apenas 12% das pessoas com doenças crónicas a declararem-se confiantes na utilização de informações em saúde provenientes da internet, o que é inferior à medida da OCDE (19%)”.
“Se as pessoas não têm informação suficiente, mais dificilmente conseguem gerir a sua saúde e conseguem utilizar adequadamente os medicamentos”, disse o bastonário, dando o exemplo dos idosos, a população com mais doenças e que precisa de estar preparada para melhor gerir a polimedicação.
“Muitos deles tomam mais de 10 medicamentos para diferentes patologias e, se isto é difícil de gerir numa pessoa jovem, num idoso é mais difícil e, ao mesmo tempo, tendo menos literacia [em saúde], mais difícil se torna”, enfatizou.
Hélder Mota Filipe salientou que no encontro os profissionais de saúde e as associações de doentes vão discutir os aspetos relacionados com a importância da comunicação em saúde e a importância de os cidadãos terem mais informação para poderem melhor utilizar os medicamentos.
“Não basta ter acesso a medicamentos, é preciso saber utilizá-los de forma a atingir os melhores resultados em saúde e aí a informação tem um papel relevantíssimo”, sublinhou.
A interação dos utentes com a plataforma permitirá também gerar mais conteúdos e dúvidas frequentes, ampliando o repositório informativo disponível para todos.
“Já há um conjunto de informação disponível”, à qual a população pode aceder de forma gratuita e direta, e ao mesmo tempo pode comunicar com a Ordem dos Farmacêuticos, “colocando dúvidas, que serão respondidas de forma adequada e percetível pelos profissionais.
lusa/HN
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