Investigadores vão estudar vulnerabilidades dos casais na gravidez e pós-parto

17 de Julho 2020

Investigadores da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) vão acompanhar casais, desde o terceiro trimestre de gravidez até ao pós-parto, com o objetivo de perceber as vulnerabilidades sentidas no contexto da covid-19.

“Surgiu a ideia de olharmos de forma mais atenta para as questões do bem-estar psicológico e emocional, aliadas ao efeito que esta nova realidade de pandemia está a provocar nos casais”, afirmou, em declarações à Lusa, Mariana Carrito, do SexLab, um grupo de investigação da FPCEUP.

Com o objetivo de perceber as vulnerabilidades sentidas no contexto da covid-19 pelos casais que vão ser pais pela primeira vez, os investigadores vão, durante os próximos 10 meses, caracterizar o acesso aos cuidados de saúde e apoios sociais dados durante a gravidez e o período pós-parto.

“Queremos perceber de que forma é que estes dois fatores têm impacto na saúde mental perinatal e após o nascimento”, referiu a investigadora, acrescentando que com o surgimento da pandemia os cuidados disponibilizados às grávidas “sofreram impactos avultados”, como o adiamento de consultas, impedimento de contacto pele a pele com o bebé e ausência de acompanhante no parto.

Depois de fazerem a caracterização, o grupo de investigação pretende fazer a “deteção precoce das vulnerabilidades específicas” das grávidas e compará-los com os seus parceiros.

“A literatura mostra-nos que, muitas das vezes, este tipo de vulnerabilidades pode levar a um maior nível de ‘stress’, que, infelizmente, é responsável por uma maior prevalência de depressão pós-parto e que tem impacto na relação com o bebé ou com o companheiro”, salientou Mariana Carrito.

Apesar de já acompanharem alguns casais, os investigadores pretendem, através de questionários, reunir “o maior número de respostas de casais de todo o país”, por forma a avaliar diferentes variáveis relacionadas com a saúde mental.

Paralelamente, a equipa vai tentar criar “conteúdo multimédia” para sensibilizar a população e alertar as políticas públicas para esta “realidade, necessidade e consequências inerentes às vivencias das mulheres grávidas em contexto covid-19”.

“É importante que as mulheres grávidas tenham um apoio social forte, que lhes permita fazer frente a estas vulnerabilidades e sentirem-se acompanhadas pela sua comunidade e pelas instituições médicas de que dependem”, disse.

Além de investigadores do SexLab da Faculdade de Psicologia, a equipa integra três elementos do Centro Materno Infantil do Norte.

Com um financiamento de 39.995 euros, o projeto é uma das 16 investigações apoiadas pelo programa ‘GENDER RESEARCH 4 COVID-19’ da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), uma iniciativa promovida em articulação com a Secretaria de Estado para a Cidadania e a Igualdade.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 585 mil mortos e infetou mais de 13,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.679 pessoas das 47.765 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

LUSA/HN

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