Doenças sexualmente transmissíveis continuaram a aumentar durante a pandemia nos Estados Unidos

13 de Abril 2022

O número de casos de doenças sexualmente transmissíveis continuou a aumentar nos Estados Unidos em 2020, durante a pandemia de Covid-19, revelaram na terça-feira as autoridades norte-americanas que alertaram para a diminuição do financiamento público sobre esta matéria.

A crise pandémica acentuou uma tendência já elevada que se tem vindo a observar há uma década e que tem como pano de fundo o declínio do financiamento público, alertou Jonathan Mermin, autor de um relatório para o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.

Os casos reportados de gonorreia e sífilis quer em estágios primários, quer secundários, aumentaram 10% e 07%, respetivamente, em comparação com 2019.

Também aumentaram os casos de sífilis em recém-nascidos, denominados sífilis congénita, devido a contaminação durante a gravidez, com 15% em relação a 2019 e 235% desde 2016.

Já os casos de clamídia diminuíram 13% em relação a 2019, mas segundo especialistas estes dados não representam uma queda real, pois esta doença é assintomática e detetada durante exames de rotina, que estiveram em declínio no início da pandemia de Covid-19.

Em 2020, foram reportados 2,4 milhões de novos casos de clamídia, gonorreia e sífilis.

A Covid-19 surgiu “num momento muito complicado para triagem de infeções sexualmente transmissíveis”, realçou Mermin durante a conferência de imprensa.

“Já tínhamos uma infraestrutura de saúde pública sobrecarregada e com dificuldades. Muitos bairros nos Estados Unidos não têm centros de atendimento especializados em DST. Isso fez com que as tendências já crescentes piorassem”, analisou.

As consequências da sífilis congénita são as mais graves, incluindo abortos espontâneos, natimortos e problemas de saúde física e mental ao longo da vida, lembrou.

Os casos de doenças sexualmente transmissíveis diminuíram inicialmente nos primeiros meses de 2020, quando o confinamento entrou em vigor, mas depois aumentaram acentuadamente.

Entre os fatores que contribuíram para a queda inicial do número de casos registados estão a diminuição das consultas de saúde e, portanto, dos rastreios, mas também a redistribuição de pessoal especializado em DST para a gestão da pandemia, ou mesmo escassez de testes.

Metade dos casos de DST ocorreram em pessoas entre 16 e 24 anos, as minorias (negros, hispânicos e nativos americanos) foram desproporcionalmente afetadas e 42% dos casos de sífilis primária e secundária foram diagnosticados em homens homossexuais ou bissexuais.

O financiamento público para clínicas locais dedicadas a estas questões tem diminuído há vários anos, sendo que os estados mais afetados também costumam ser os menos desenvolvidos economicamente, como o Mississippi.

LUSA/HN

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