Diretor de jornal convocado ao parlamento britânico após notícia “misógina e ofensiva”

25 de Abril 2022

O presidente da Câmara dos Comuns revelou hoje ter convocado o diretor do jornal Daily Mail, após criticar a notícia "misógina e ofensiva” que alega que a deputada trabalhista Angela Rayner usa saias para distrair o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson. 

“Partilho as opiniões manifestadas por um largo número de deputados, incluindo, penso, o primeiro-ministro, de que o artigo de ontem [domingo] emitiu alegações infundadas misóginas e ofensivas”, disse Lindsay Hoyle, na abertura da sessão parlamentar.

Em causa está uma notícia no Mail on Sunday com base em deputados conservadores anónimo, que terão dito que Rayner cruza e descruza as pernas durante os debates parlamentares como parte de uma estratégia para distrair Johnson.

O jornal comparou a situação à famosa cena do filme “Instinto Selvagem” entre Sharon Stone e Michael Douglas.

Hoyle disse que a notícia é “degradante, ofensiva para as mulheres no parlamento, [e] pode dissuadir as mulheres que possam pensar concorrer às eleições”, tendo convocado o diretor do Daily Mail, David Dillon, para “discutir mais o assunto”.

Deputados de todos os partidos condenaram o tom e conteúdo da notícia, incluindo o próprio primeiro-ministro, que a descreveu como “um monte chocante de disparates machistas e misóginos”.

“Eu entrei imediatamente em contacto com Angela e tivemos uma troca [de mensagens de telemóvel] muito simpática”, revelou.

O artigo alega que vários parlamentares conservadores acreditam que Angela Rayner terá adotado aquela estratégia porque “sabe que não pode competir com o treino de Boris em debate de Oxford”.

O texto vinca a diferença de educação entre Rayner, de 42 anos, “uma avó que deixou a escola aos 16 anos sem habilitações quando engravidou, para se tornar cuidadora (no serviço social)”, e Johnson, “formado numa escola privada”, em Eton, frequentada pelas elites, seguida pela universidade.

Em resposta ao artigo, Rayner rejeitou as “mentiras” publicadas e acusou os acólitos de Johnson de “espalhar calúnias depravadas desesperadas” e de terem “um problema com mulheres” em posições de influência.

“Fui acusada de uma ‘artimanha’ para ‘distrair’ o pobre do primeiro-ministro: por ser mulher, por ter pernas e por usar roupas”, lamentou, através da rede social Twitter.

A vice-líder do Partido Trabalhista sugeriu que este ataque é uma tentativa dos apoiantes de Johnson para distrair as atenções e ajudar o líder do Partido Conservador, sob pressão para se demitir após ter sido multado por desrespeitar as restrições da pandemia covid-19.

LUSA/HN

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