Em declarações à Lusa, a organização Students for Life of America (‘Estudantes Pró-Vida dos EUA’) admitiu que foi “emocionante” ler a notícia de que o Supremo se prepara para reverter a histórica decisão de 1973 conhecida como ‘Roe v. Wade’, que protege como constitucional o direito das mulheres ao aborto, frisando que permanece “cautelosamente otimista”, uma vez que o Tribunal ainda não divulgou sua decisão final.
Se anulada a decisão ‘Roe v. Wade’, os Estados Unidos voltarão à situação que existia antes de 1973, quando cada estado era livre de proibir ou autorizar a realização de abortos.
“A geração Pró-Vida vem defendendo há muito tempo que os estados tenham o direito de criar leis sobre o aborto – vemos o projeto como um documento muito positivo. A nossa nação está pronta para um regresso aos direitos dos estados. Esperamos e rezamos para que as nossas leis sejam restauradas e que os inocentes deixem de estar vulneráveis a uma sentença de morte porque residem no útero. Temos uma oportunidade histórica de corrigir a questão dos direitos humanos dos nossos dias: o aborto”, disse Dana Stancavage, editora e redatora da Students for Life of America.
De acordo com Stancavage, a capacidade dos estados de legislar sobre o aborto deve ser respeitada e apoiada, e as “mulheres são alvo da indústria predatória do aborto”, o que torna “vital que elas conheçam pessoas e organizações nas suas comunidades locais que estão capacitadas, prontas e dispostas a apoiá-las na jornada da gravidez e da parentalidade”.
Para apoio a futuras mães em situação de vulnerabilidade, como jovens estudantes, a organização criou o ‘Standing With You’ (‘Ao Teu Lado’), uma iniciava que visa garantir que nenhuma mulher fique sozinha durante ou após a gravidez.
No lado oposto, algumas das maiores organizações norte-americanas pró-aborto sairão às ruas no sábado em todo o país, em protesto contra a possível revogação do direito constitucional à interrupção voluntária da gravidez no país.
Face a essas manifestações, a Students for Life of America fez questão de reforçar o seu contra-protesto e desencorajar esses movimentos, argumentando que levantarão as suas vozes “pelos mais de 63 milhões de mortos provocados ao longo dos quase 50 anos em que foi legal esta atrocidade do aborto e que deve acabar”.
Já a ativista Destiny De La Rosa, presidente e fundadora da organização anti-aborto New Wave Feminists (‘Feministas Nova Vaga’), disse à Lusa que apesar de esperar que o direito ao aborto seja revogado, o seu principal interesse é que sejam dados recursos às mulheres que se sentem desesperadas ao ponto de interromper uma gravidez.
“Embora eu concorde plenamente que as crianças não nascidas merecem proteção no útero porque são uma população vulnerável e marginalizada, (…) ninguém está preocupado em abordar o desespero que as mulheres sentem. Estão apenas a tirar opções às mulheres, sem lhes dar recursos verdadeiros”, afirmou Destiny.
“As minhas principais esperanças com esta possível decisão do Supremo é que isso faça com que as pessoas pró-vida parem de depender apenas de leis e políticos para resolver este problema. Porque uma vez que o aborto é retirado como uma opção, então essas mulheres vão precisar de recursos reais e práticos”, disse à Lusa.
A fundadora do New Wave Feminists destacou que, com uma eventual decisão do Supremo que revogue o direito ao aborto, muitos estados aplicarão restrições muito fortes, mas que vários outros estados não terão restrições algumas e “permitirão que se interrompa a gravidez até às 40 semanas de gestação”.
“Estamos a trabalhar para tornar o aborto desnecessário e impensável. E fazemos isso fornecendo recursos às mulheres e garantindo que elas tenham tudo o que precisam para sustentar as suas vidas e a vida dos seus filhos, desde habitação até creche, transporte e assistência médica de qualidade”, defendeu a ativista.
“Infelizmente, grande parte do movimento pró-vida concentrou-se apenas em cortar a oferta, mas não em atender às reais necessidades”, acrescentou.
Em relação às manifestações anti-aborto deste sábado, Destiny disse “entender os corações das mulheres que estão com medo agora”, mas advogou que os protestos não são a melhor opção, porque há “muitos gritos, e pouca conversa real”.
NR/HN/LUSA
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