Urgência do Hospital de Ponta Delgada regista um aumento de procura nos últimos dias

18 de Maio 2022

A procura pela urgência do Hospital de Ponta Delgada, Açores, está a bater recordes, com 1.300 pessoas (1% da população da ilha de São Miguel) a recorrerem àquela valência em três dias, disse hoje o diretor clínico interino.

Em declarações à Lusa, João Pedro Cardoso, responsável clínico do maior hospital açoriano, que serve 137.000 habitantes daquela ilha do arquipélago, salvaguarda que “em cada três dias, há 1% da população da ilha, 1.300 pessoas, a recorrer” ao serviço de urgência.

“Num ano, praticamente toda a ilha de São Miguel vem à urgência”, extrapola João Pedro Cardoso, referindo que “a pressão é muito grande sobre o sistema de saúde”.

O responsável exemplifica que “recentemente, no Hospital de Gaia, no dia 10 de maio, se bateu um recorde, tendo sido 782 doentes a recorrer ao serviço de urgência”, mas alerta que a população de Gaia é de cerca de 300.000 habitantes.

O diretor clínico salvaguarda que se “tem registado uma afluência bastante maior, sobretudo no mês de abril” e que, em maio, se têm “batido recordes nos primeiros dias, representando linhas vermelhas a ser ultrapassadas”.

Este fator “torna mais difícil a execução da tarefa e a administração de cuidados de saúde com maior dignidade e efetividade”, sendo que “as pessoas aguardam mais horas do que estabelece o protocolo de triagem”.

O responsável refere que “não se conseguirá dar a melhor resposta” se este ritmo se mantiver, uma vez que “os serviços de urgência estão voltados para o problema grave”.

De acordo com os dados a que a Lusa teve acesso, a 02 de maio procuraram as urgências do Hospital de Ponta Delgada 439 pessoas num só dia, sendo esta uma tendência de procura que se tem vindo a registar desde setembro de 2021.

Na semana transata, o secretário regional da Saúde e Desporto dos Açores defendeu a necessidade de reforçar os cuidados primários de saúde na região e evitar que esta “fique nas urgências”.

Clélio Meneses referiu que existe uma “estratégia clara no sentido de reforçar os cuidados primários de prevenção e proximidade”.

O governante afirmou que se está a reforçar os cuidados primários de Saúde nos Açores, visando, com meios “eficazes e rápidos, diagnosticar-se de uma forma mais precoce e fazer-se com que, com menos custos, haja melhores respostas e se deixe os cuidados hospitalares para aquilo que verdadeiramente é hospital”.

“O que assistimos, com base no diagnóstico que temos feito, é que a Saúde ficou literalmente nas urgências a todos os níveis, acabando estas por ser cuidados primários, quando não podem ser”, frisou.

Clélio Meneses identificou que, só na ilha de São Miguel, existem 20.911 pessoas sem médico de família, o que se pretende combater contratando mais médicos, um processo que está em curso.

Pretende-se que, “com estas medidas, 97% da população da ilha de São Miguel fique com médico de família”.

LUSA/HN

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