“Se nós já vínhamos preocupados com aquilo que nos vão fazendo chegar sobre a situação que se vive no hospital de Évora, saímos daqui com o reforço dessa preocupação”, afirmou o responsável nacional do SIM aos jornalistas, após uma reunião com clínicos da unidade hospitalar alentejana.
Em resultado “da falta de investimento nos últimos anos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) em geral e em particular nos recursos humanos desta região”, Roque da Cunha considera que a situação “já ultrapassou os limites”.
Após a reunião de esclarecimento sindical, que serviu para “avaliar problemas” no Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), o secretário-geral do SIM indicou que as equipas de medicina interna, na urgência e internamento, “além de debilitadas em termos de número, têm de arcar com uma carga de trabalho que é inimaginável”.
“Estamos a falar de situações onde, nas transferências de bancos [na mudança de turnos das equipas], há cerca de 40 ou 45 doentes” na urgência e, “muitas vezes, chega aos 70 doentes”.
Para o dirigente sindical estas são “situações graves” e, apesar de denúncias e minutas de responsabilidade dos médicos, “não há qualquer tipo de solução e resposta por parte do conselho de administração”.
Jorge Roque da Cunha considerou ainda que “não é admissível” que, em situações deste tipo, “nem sequer [sejam] avisados os bombeiros” ou o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) “desta dificuldade”.
“Nos últimos dois meses, essa situação é recorrente e, quando isso acontece, tem de haver uma atitude, que é evitar que o INEM, pelo menos, transfira os doentes para aqui”, reclamou.
De acordo com o mesmo responsável, “não há macas disponíveis, neste momento”, e o HESE tem “muitas vezes de contar com macas dos bombeiros”, o que faz com que “as ambulâncias fiquem retidas”.
“Os médicos estão a ser sujeitos a um excesso de trabalho. Não é possível pedir mais trabalho a estes colegas, fazem 300, 400 horas por ano a mais das 40 horas por semana que fazem”, argumentou também.
Exigindo medidas do Governo para resolver estes problemas, o secretário-geral do sindicato indicou ainda que, se esta situação acontece na urgência, não é exclusiva deste serviço: “Também acontece em relação aos tempos de espera nas cirurgias, na oftalmologia, na otorrinolaringologia”.
A agência Lusa contactou o HESE para obter esclarecimentos, mas o hospital escusou-se a tecer comentários.
LUSA/HN
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