O alerta já tinha sido dado por médicos locais na segunda-feira, os quais afirmaram que o surto está a propagar-se “a um ritmo alarmante”, causando “centenas de mortes”, e que tem de ser contido.
A agência de saúde das Nações Unidas renovou o centro de isolamento para a cólera no Hospital Universitário de Gadarife, a principal instalação médica da província situada no leste do Sudão, para combater o surto de cólera, uma infeção bacteriana ligada a alimentos ou água contaminados, que se está a alastrar, e os Médicos Sem Fronteiras criaram dois centros de tratamento de doentes com cólera e duas equipas móveis na mesma região.
Também foram registados surtos de dengue – causada pelo vírus da dengue transmitido aos seres humanos através da picada de mosquitos infetados – no leste do Sudão, onde milhares de pessoas estão abrigadas devido aos combates mortais entre as forças armadas do país e uma força paramilitar rival, segundo as Nações Unidas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que foram registados mais de 500 casos suspeitos de dengue em todo o Sudão, a maioria dos quais em centros urbanos de Gadarife.
“O número registado é a ponta do icebergue, uma vez que o número real é muito mais elevado, dado que a maioria dos doentes recorre a remédios caseiros e muitas vezes não se desloca aos hospitais”, contextualizou a OMS.
O sindicato dos médicos sudaneses afirmou que “centenas” de doentes com dengue morreram no leste do país, descrevendo o surto como “uma crise sanitária”, adiantando que a maior parte dos hospitais de Gadarife estão sobrecarregados de doentes.
O conflito no Sudão transformou Cartum, a capital, e outras zonas urbanas em campos de batalha, destruindo as infraestruturas civis e um sistema de saúde já de si muito debilitado. Sem o básico, muitos hospitais e instalações médicas fecharam as portas.
A agência das Nações Unidas para os refugiados afirmou na semana passada que mais de 1.200 crianças com menos de 5 anos morreram em nove campos no Sudão nos últimos cinco meses, devido a uma combinação mortal de sarampo e má nutrição.
A cólera deixou pelo menos 700 mortos e cerca de 22.000 doentes em menos de dois meses em 2017, que tinha sido, até ao momento, o último grande surto no país.
LUSA/HN
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