“Medidas concretas centradas nas necessidades específicas das pessoas com albinismo podem ter impactos de longo alcance, incluindo na qualidade e na esperança de vida”, afirmou Muluka-Anne Miti-Drummond, perita em albinismo, numa declaração no final de uma visita de 10 dias ao país.
As pessoas com albinismo enfrentam sérias barreiras, incluindo estigma e discriminação devido à cor e à deficiência visual, falta de acesso a cuidados de saúde, incluindo protetor solar e ajudas visuais, bem como falta de acesso à educação e ao emprego que, por sua vez, conduzem à pobreza, declarou Miti-Drummond.
“Muitas medidas para ultrapassar estas barreiras são relativamente exequíveis e pouco dispendiosas de implementar – por exemplo, o fornecimento de protetor solar através do sistema de saúde pública para prevenir o cancro da pele potencialmente mortal, uma opção mais acessível do que o tratamento do cancro da pele, adaptações razoáveis nas escolas e no local de trabalho e uma campanha nacional robusta para educar e sensibilizar para a causa do albinismo e para cuidar das pessoas com albinismo”, exemplificou.
Segundo a perita, todas estas questões colocam as pessoas com albinismo numa luta contínua contra dificuldades que as impedem de usufruir dos seus direitos humanos em igualdade de circunstâncias com os outros.
Embora tenha havido alguns testemunhos encorajadores, Miti-Drummond disse que ouviu muito mais casos envolvendo ‘bullying’, microagressões, discriminação e trauma emocional.
“Conheci pessoas com albinismo que são aceites e amadas, o que resultou claramente em vidas mais bem-sucedidas e preenchidas. No entanto, também conheci outras que são segregadas dentro das suas próprias casas devido ao seu albinismo, mães que foram abandonadas porque os seus filhos nasceram com albinismo e jovens alunos que abandonaram a escola devido ao ‘bullying’ e à falta de meios financeiros”, indicou.
Constatou também que os desafios nas zonas rurais eram maiores.
“Numa das áreas mais remotas de Thaba-Tseka, algumas pessoas com albinismo não são aceites nas suas comunidades, nunca ouviram falar de protetor solar ou visitaram um centro de saúde”.
De acordo com a perita das Nações Unidas, é preciso intensificar os esforços para apoiar, equipar e capacitar as pessoas com albinismo e a vontade política e a forte coordenação entre as partes interessadas são cruciais.
“Os programas de proteção social devem também reconhecer as pessoas com albinismo, que também podem ser pessoas com deficiência devido à incapacidade visual e à grande suscetibilidade ao cancro da pele, ao avaliarem a elegibilidade para apoio financeiro e subsídios”, disse Miti-Drummond.
Salientou ainda que a inclusão de protetores solares na lista nacional de medicamentos essenciais e a subsidiação de ajudas e dispositivos visuais podem contribuir muito para aliviar as dificuldades destas pessoas.
A perita agradeceu às autoridades do Lesoto por terem feito o convite para a sua visita e pelo seu apoio e cooperação.
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