Sindicato Independente dos Médicos retoma negociações com Governo

4 de Setembro 2024

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) retoma hoje as negociações com o Ministério de Saúde, com a valorização da carreira médica e a simplificação da avaliação de desempenho em agenda, mais de um mês depois da última reunião.

A última reunião com a tutela ocorreu em 01 de agosto e, nessa altura, o secretário-geral do SIM, Nuno Rodrigues, insistiu que a valorização dos profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) obrigava a olhar para as grelhas salariais, sublinhando que estava disponível para aumentos faseados.

“É uma questão de o Governo apresentar uma proposta concreta para que se concretize esta melhoria, que visa fixar os médicos no SNS”, defendeu na ocasião.

Considerando existir disponibilidade orçamental para acomodar a medida, o SIM, em 01 de agosto, apresentou uma proposta para desbloquear o processo, através de um sistema automático de atribuição de pontos referentes ao período em que os profissionais não foram avaliados.

De acordo com o sindicato, cerca de 70% dos médicos nunca foram avaliados pelo sistema de avaliação SIADAP e 50% dos médicos estão na primeira categoria da carreira.

O SIM quer também ver resolvidas injustiças apontadas na transição dos profissionais do regime de 35 horas semanais para as 40 horas e na situação dos médicos com Contrato Individual de Trabalho anterior a 2013.

A última reunião juntou a força sindical com as secretárias de Estado da Gestão da Saúde, Cristina Vaz Tomé, e da Administração Pública, Marisa Garrido.

Já o encontro de hoje acontecerá com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e a secretária de Estado da Gestão da Saúde, segundo uma nota do Ministério da Saúde.

Na terça-feira, a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) anunciou uma greve para 24 e 25 de setembro, agendando para o primeiro dia de paralisação uma manifestação frente ao Ministério da Saúde, que acusa de ter agravado “o caos instalado” no SNS.

“O Ministério da Saúde de Ana Paula Martins agravou o caos instalado no Serviço Nacional Saúde (SNS) e empurra assim os médicos para dois dias de greve nacional, para todos os médicos, a 24 e 25 de setembro, e uma manifestação nacional no dia 24 de setembro, às 15:00, em frente ao Ministério da Saúde, a que se somam a outras formas de luta”, lê-se num comunicado da Fnam.

A paralisação é convocada “face à total ausência de soluções” por parte do ministério da Saúde de para a melhoria das condições de trabalho dos médicos.

A federação acusa a ministra de “retroceder num caminho” que tem levado ao encerramento de serviços de urgência e obrigado grávidas a terem partos longe das suas residências ou em ambulâncias, acrescentando que há ainda 1,6 milhões de portugueses sem médico de família.

Acusa ainda o ministério de Ana Paula Martins de ter “escalado o conflito” com vários intervenientes do SNS, nomeadamente INEM e administrações hospitalares, mas também outros profissionais de saúde e utentes.

Para a Fnam “é prioritária a valorização das grelhas salariais para todos os médicos, o regresso às 35 horas de trabalho semanais e das 12 horas em serviço de urgência, a reintegração do internato na carreira médica e a criação de um regime de dedicação exclusiva, opcional para todos os médicos e devidamente majorada”.

Os médicos querem ainda o regresso dos 25 dias úteis de férias, o redimensionamento das listas de utentes dos médicos de família e a negociação de outros aspetos da carreira.

No final da semana passada, a Fnam renovou a greve ao trabalho extraordinário nos centros de saúde até 31 de dezembro e apela “à entrega de declarações de indisponibilidade para a realização do trabalho suplementar para além dos limites legais anuais”.

NR/HN/Lusa

 

1 Comment

  1. Alcino Teixeira

    O Sim é um sindicato em que alguns dirigentes são militantes activos do PSD. Como podem defender os Médicos?
    Não sou filiado na FNAM nem concordo com muitas das suas atitudes de carácter político mas que dizem muitas verdades dizem.

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