Pizarro considera errado retirar vacinação dos mais idosos das farmácias

18 de Setembro 2024

O ex-ministro da Saúde apelou hoje ao Governo que reverta a decisão de excluir da vacinação das farmácias as pessoas com 85 anos ou mais, que considerou “um erro” e uma discriminação que põe em causa a saúde pública.

Num artigo hoje publicado no jornal Público, Manuel Pizarro considera que a alteração introduzida na campanha de vacinação deste ano de retirar das farmácias as pessoas com 85 anos ou mais, que terão de se vacinar nos centros de saúde, é “uma discriminação incompreensível”.

“Mudar só por mudar, ainda mais sem qualquer evidência técnica, não serve o interesse público. Na saúde pode mesmo representar um sério retrocesso, como mostra a paralisia do processo de contratação de médicos, após a alteração abrupta e escusada das regras dos concursos”, escreve o ex-governante.

A campanha de vacinação sazonal do outono-inverno de 2024-2025 começa em 20 de setembro e, este ano, nas farmácias comunitárias é recomendada a vacinação para utentes entre 60 e 84 anos de idade.

Este ano, a vacinação contra a gripe com dose reforçada é alargada às pessoas com 85 ou mais anos de idade – para além das pessoas residentes em lares e na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) -, mas estes utentes terão de ser vacinados nos centros de saúde.

No artigo hoje publicado, Manuel Pizarro sublinha que a vacinação é essencial na defesa da saúde pública e, no caso da gripe e da covid-19, “permite proteger os mais vulneráveis, em especial pessoas com mais idade ou que sofrem de doenças que diminuem as defesas imunitárias”.

“Importa facilitar o acesso às vacinas e estimular a adesão por parte das populações”, escreve Manuel Pizarro, que no final do artigo apela ao Ministério da Saúde para que “não exclua da vacinação nas farmácias os mais idosos”.

A decisão de retirar das farmácias a vacinação das pessoas com 85 aos ou mais já tinha merecido críticas da Ordem dos Farmacêuticos (OF), que considerou que “seria benéfico” continuar a permitir a vacinação desta população nas farmácias comunitárias.

A OF considerou igualmente que a alteração poderá ser “uma complexidade adicional” para a população e para o processo de vacinação.

Em declarações à agência Lusa depois de anunciada a campanha de vacinação, a diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado, explicou que a intenção das autoridades de saúde com esta alteração é “minimizar idas da população aos centros de saúde”, aproveitando as consultas de rotina.

Rita Sá Machado disse ainda que a DGS irá reavaliar a campanha de vacinação para “ver que metodologia será utilizada no próximo ano”.

O Governo vai gastar 7,6 milhões de euros com a vacinação contra a covid-19 e a gripe nas farmácias e quer ter mais pessoas vacinadas até ao final de novembro.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Malária matou 31 angolanos por dia em 2024

A malária matou 11.447 pessoas em Angola em 2024, uma média de 31 mortes por dia em quase 12 milhões de casos notificados no ano passado, anunciaram hoje as autoridades angolanas, garantindo investimentos na prevenção e tratamento.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights