11 de outubro de 2024 – Passados 79 anos desde os ataques nucleares a Hiroshima e Nagasaki, o mundo recorda os eventos que mudaram para sempre o curso da história. A organização Nihon Hidankyo, formada por sobreviventes das bombas atómicas, conhecidos no Japão como ‘hibakusha’, foi hoje distinguida com o Prémio Nobel da Paz, reacendendo as memórias daqueles dias fatídicos de agosto de 1945.
Em 6 de agosto de 1945, um bombardeiro norte-americano B-29 lançou a primeira bomba atómica da história sobre Hiroshima. Três dias depois, Nagasaki sofreu o mesmo destino. Estes ataques resultaram na morte de aproximadamente 140.000 pessoas em Hiroshima e 74.000 em Nagasaki.
As bombas, apelidadas de “Little Boy” e “Fat Man”, desencadearam um inferno nuclear. Testemunhas relataram uma “intensa bola de fogo”, com temperaturas no epicentro atingindo cerca de 7.000 graus Celsius. As explosões provocaram queimaduras graves, cegueira, lesões oculares irreversíveis e incêndios devastadores que consumiram quilómetros quadrados de área urbana.
Além dos efeitos imediatos, as radiações emitidas pelas explosões causaram a chamada “doença das radiações”, afetando os sobreviventes com sintomas como vómitos, dores de cabeça, diarreia e queda de cabelo. A longo prazo, os ‘hibakusha’ enfrentaram um risco acrescido de desenvolver certos tipos de cancro.
O impacto psicológico e social sobre os sobreviventes foi igualmente devastador. Muitos enfrentaram discriminação, especialmente em questões matrimoniais, devido a crenças erróneas sobre a hereditariedade ou contagiosidade da “doença das radiações”.
Apesar do sofrimento, muitos ‘hibakusha’ tornaram-se ativistas fervorosos pela paz e contra as armas nucleares. O seu testemunho tem sido crucial para manter viva a memória destes eventos e promover um mundo livre de armas nucleares.
A atribuição do Nobel da Paz à Nihon Hidankyo representa um reconhecimento global do papel crucial dos sobreviventes na luta contra a proliferação nuclear e na promoção da paz mundial.
Embora os ataques tenham precipitado o fim da Segunda Guerra Mundial, com a rendição do Japão em 15 de agosto de 1945, o debate sobre a necessidade e as consequências éticas do uso de armas nucleares continua até hoje.
As visitas de líderes mundiais como o Papa Francisco em 2019 e o ex-presidente dos EUA Barack Obama em 2016 a Hiroshima e Nagasaki sublinharam a importância contínua destes locais como símbolos da paz e advertências contra os horrores da guerra nuclear.
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