Em declarações aos jornalistas à margem de uma visita a um jardim de infância na Pontinha, em Lisboa, Paulo Raimundo reagiu à notícia do Público que indica que o Ministério da Saúde decidiu criar um Dispositivo Especial de Emergência Pré-Hospitalar, que pode ter até 100 equipas de bombeiros, para funcionar entre dezembro e fevereiro, reforçando a resposta durante o pico da gripe.
Para o secretário-geral do PCP, “não há novidade nenhuma nessa medida”.
“Das duas, três: ou não se conhece nada do que se está a falar, ou então está-se a empurrar com a barriga, porque hoje 90% do socorro já é prestado pelos bombeiros”, respondeu.
Paulo Raimundo defendeu que o que é necessário é “responder às necessidades do INEM – técnicas, humanas, valorizar as suas carreiras e profissionais” – e, “já que se quer meter os bombeiros ao barulho”, cumprir os “protocolos que têm com o INEM e que em grande parte não são cumpridos, desde logo no que diz respeito aos meios que supostamente o INEM entregaria aos bombeiros”.
Questionado se considera que o Governo se precaveu para o pico de inverno no Serviço Nacional de Saúde (SNS), Paulo Raimundo respondeu: “Não, o Governo não se precaveu para nada”.
“A única forma de prevenir o inverno, o verão, os picos de intensidade, é: mais médicos, mais enfermeiros, mais técnicos no SNS para responder às necessidades das populações. Para isso, é preciso o quê? Mais respeito, mais valorização das carreiras, mais respeito pelas profissões e condições de trabalho. Ora, o Governo não fez nada disso”, afirmou.
Interrogado se acha que os problemas que se verificam anualmente no inverno no SNS se vão manter, Raimundo respondeu que, “se não mudou nada de estrutural, os problemas vão ser os mesmos”, recorrendo a uma expressão da série “A Guerra dos Tronos”.
“‘Winter is coming’. Eu não digo isto com nenhum agrado, pelo contrário, preferia estar completamente enganado, mas não é isso que vai acontecer: vai haver problemas, dificuldades, exatamente porque o Governo está a precaver os interesses dos grupos económicos e está a precaver muito mal a saúde do nosso povo”, afirmou.
Nestas declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo foi ainda questionado sobre porque é que o PCP não vai marcar presença na sessão solene do 25 de Novembro no parlamento, tendo respondido que essa sessão se inscreve “numa grande operação, de larga escala”, que tem como objetivo “desvalorizar o 25 de Abril” e equipará-lo ao 25 de Novembro.
Interrogado sobre como é que vê o facto de tanto o BE e o Livre terem anunciado que irão marcar presença – o BE apenas com um deputado -, Paulo Raimundo disse que, da parte do PCP, está claro que não vai “alimentar essa campanha”.
“Não só não alimentamos, como damos combate. Cada um assume as suas responsabilidades e as suas decisões”, disse.
Sobre a sua deslocação ao Jardim Infantil Popular da Pontinha (JIPP), Paulo Raimundo salientou que se inscreve na ação nacional “Aumentar salários e pensões. Para uma vida melhor” organizada pelo PCP e que visa recolher assinaturas para um abaixo-assinado que vai ser enviado ao primeiro-ministro.
O secretário-geral do PCP salientou também que a visita pretende mostrar que há associações que garantem “a possibilidade de os pais poderem deixar os seus filhos com conforto, com segurança”, salientando que é preciso valorizar esses “exemplos concretos”.
“Não responde a tudo – e é por isso que nós queremos uma rede pública de creches – mas é um contributo fundamental, um esforço muito grande das associações, das estruturas e dos seus trabalhadores”, disse.
LUSA/HN
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