Vasco Antunes Pereira foi hoje ouvido na comissão parlamentar de inquérito ao caso das crianças tratadas com um dos medicamentos mais caros do mundo, e foi chamado porque as gémeas chegaram a ter consulta agendada no hospital Lusíadas de Lisboa, em dezembro de 2019, mas foi desmarcada dias antes de serem atendidas no Santa Maria.
Na sua declaração inicial, o responsável indicou que enviou à comissão, “por escrito, e sob reserva”, informação relativa à marcação e desmarcação das consultas das gémeas, o que ocorreu por telefone, pela família.
“Não podemos ignorar que se tratam de dados pessoais de saúde e, como tal, configuram uma categoria especial de dados pessoais e que carecem, assim, de proteção acrescida”, defendeu, dizendo que “em circunstâncias normais” não teria acesso e que apenas os solicitou para este efeito.
O presidente do Conselho de Administração negou ter influenciado o agendamento ou o posterior cancelamento das consultas e disse desconhecer que algum “colaborador do grupo Lusíadas tenha tomado qualquer ação nesse sentido”.
“A intervenção da Lusíadas Saúde, neste caso, limita-se ao agendamento de consultas e posterior cancelamento deste agendamento”, indicou, afirmando que teve conhecimento do envolvimento do grupo no último verão, através da comunicação social.
O responsável salientou que “todo o envolvimento dos profissionais do grupo foi de acordo com os procedimentos que estão instituídos” e não houve “qualquer tipo de processo diferente daqueles que são os processos naturalmente instituídos no grupo”.
Vasco Antunes Pereira disse igualmente não ter “qualquer conhecimento sobre as razões” para a desmarcação da consulta, apontando que “são completamente alheias” ao grupo, e remeteu para a família.
Sobre o tratamento que as crianças receberam no Hospital Santa Maria, em 2020, um dos mais caros do mundo, o responsável admitiu, já em resposta aos deputados, que o Lusíadas poderia não estar apto a administrar o fármaco.
“Este tipo de medicamentos, segundo eu entendo da legislação aplicável a este tipo de medicamentos, são medicamentos que necessitam de passar por uma comissão e são administrados em centros especializados e habilitados para o efeito”, indicou.
Mais à frente, acrescentou: “eu julgo que este medicamento não estava disponível, à data, nos hospitais privados”.
Vasco Antunes Pereira disse também que não conhece o filho do Presidente da República, Nuno Rebelo de Sousa, sou a sua mulher, nem a família das crianças, e que não teve “qualquer contacto com nenhum interveniente no âmbito deste processo”.
O presidente do Conselho de Administração indicou também, nesta audição que durou 45 minutos, que o objetivo do grupo Lusíadas Saúde não é encaminhar pessoas para hospitais públicos, mas sim tratá-las nas suas unidades.
lusa/HN
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