Moçambique/Eleições: Manifestações condicionaram realização de cirurgias

19 de Fevereiro 2025

As manifestações pós-eleitorais em Moçambique condicionaram a realização de cirurgias no país, levando ao aumento de pacientes em listas de espera pelos procedimentos, alertaram hoje as autoridades de saúde.

“Só nestes últimos três meses, com estas manifestações pós-eleitorais, nós tivemos pacientes e profissionais de saúde que não conseguiram aceder às unidades de saúde e com isso houve um acúmulo de pacientes em listas de espera”, disse em conferência de imprensa a diretora nacional de assistência médica, Luísa Panguene, em Maputo.

Segundo a representante, atualmente, cerca de 1.000 pacientes estão à espera dos procedimentos cirúrgicos em todo o país.

“Não acontecendo esta cirurgia no espaço de tempo esperado, pode acontecer um agravamento da situação clínica do doente, que pode resultar, inclusive, em óbito ou a termos de realizar cirurgias em situação de emergência”, afirmou.

Luísa Panguene explicou que para a redução das listas de espera na saúde, o Governo moçambicano lançou uma campanha de aceleração de cirurgia nos principais hospitais do país.

“Vamos realizar, nestes primeiros 100 dias de governação, um total de 500 cirurgias e priorizamos iniciar as mesmas a nível dos hospitais centrais. Falamos dos Hospitais Centrais de Maputo, Beira, Quelimane e Nampula”, acrescentou a diretora.

A saúde é um dos setores mais afetados pelas manifestações pós-eleitorais em Moçambique.

Em 27 de dezembro, o Governo do país tinha contabilizado pelo menos 77 viaturas da saúde destruídas durante os protestos, com uma estimativa de prejuízos de 14,3 milhões de euros em artigos médicos perdidos com a destruição do centro de abastecimento de medicamentos.

Estima-se ainda que cerca de 1.800 unidades de saúde tenham sido afetadas durante as manifestações em contestação aos resultados eleitorais de 09 de outubro no país.

Na segunda-feira, o ministro da Saúde de Moçambique, Ussene Isse, admitiu “desafios” para disponibilizar material médico nas unidades sanitárias, incluindo fármacos, após destruição e vandalização de um centro de abastecimento de medicamentos em Maputo, durante manifestações.

Falando no final de uma visita a um centro de abastecimento de medicamentos queimado e destruído em Maputo durante protestos pós-eleitorais, Ussene Isse afirmou que as perdas contabilizadas neste local, de mais de 500 milhões de meticais (7,4 milhões de euros), são “uma tragédia”.

Moçambique vive desde 21 de outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas, primeiro, pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro.

Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.

Desde outubro, pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 750 foram baleadas durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.

NR/HN/Lusa

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