Quase 76 mil crianças morrem anualmente na Europa antes de completarem cinco anos

25 de Fevereiro 2025

Quase 76 mil crianças morrem anualmente na Europa antes de completarem cinco anos e as doenças não transmissíveis são responsáveis pela morte de uma em cada seis pessoas antes dos 70 anos, alertou hoje a OMS.

Os dados constam de um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), abrangendo países da Europa e da Ásia Central, e que salienta que esta região, apesar de ter alguns dos sistemas de saúde mais fortes do mundo, apresenta indicadores estagnados ou mesmo em retrocesso, como a saúde infantil e as doenças crónicas.

Analisando os dados mais recentes sobre a mortalidade de crianças em 53 países, a OMS concluiu que 75.647 crianças morreram antes de completarem 5 anos em 2022, sendo as complicações no parto prematuro, a asfixia no parto, as anomalias cardíacas congénitas, as infeções respiratórias inferiores e a sépsis neonatal as principais causas.

Segundo o relatório que é publicado a cada três anos, no que se refere à taxa de mortalidade neonatal em 2022, Portugal encontra-se no grupo com melhores indicadores, com 1.6, muito distante do Turquemenistão, que lidera com 23.

Já nas crianças com mais idade e nos adolescentes, a saúde mental foi identificada pela OMS como uma “prioridade urgente”, tendo em conta que o `cyberbullying´ se tornou uma preocupação significativa, afetando 15% dos adolescentes da região.

Além disso, de acordo com o documento hoje divulgado, um em cada cinco adolescentes enfrenta um problema de saúde mental e o suicídio é a principal causa de morte entre os jovens dos 15 aos 29 anos.

A prevalência estimada de perturbações depressivas na população da região europeia da OMS aumentou de 4,6% em 2019 para 5,2% em 2021, com a Grécia a apresentar a maior prevalência de transtornos depressivos (7,6%), seguido por Portugal (7,1%) e Lituânia (7,0%).

A OMS alerta ainda que uma em cada seis pessoas morre antes dos 70 anos devido a doenças cardiovasculares, cancro, diabetes ou doenças respiratórias crónicas, com a região europeia a apresentar ainda o maior consumo de álcool do mundo, com uma média de 8,8 litros de álcool puro por adulto por ano, enquanto o consumo de tabaco continua a ser “inaceitavelmente elevado”, com 25,3%.

Em 2020, Portugal encontrava-se ligeiramente acima da média europeia no consumo de álcool, com 8,9 litros por adulto anualmente.

Apesar de um em cada seis pessoas ainda morrer antes de completar 70 anos de doenças não transmissíveis, pelo menos 10 Estados-membros atingiram a meta da OMS de uma redução de 25% da mortalidade prematura.

O documento salienta também que a demência é uma das principais causas de incapacidade, afetando mais de 14 milhões de pessoas, com a OMS a prever que a sua prevalência duplique até 2030 e a alertar que muitas pessoas com 65 anos ou mais não têm assistência para cuidados pessoais ou atividades domésticas.

Segundo o relatório, durante a pandemia de covid-19, as lacunas na cobertura vacinal agravaram-se em alguns países e as taxas de vacinação abaixo do ideal levaram ao ressurgimento de doenças preveníveis, com o sarampo, com os casos a aumentarem acentuadamente em 2023 (58 mil) e a tosse convulsa a atingir o nível mais elevado numa década.

Apenas sete Estados-membros, incluindo Portugal, alcançaram em 2023 uma cobertura igual ou superior a 95% em todas as três vacinas especificadas, salienta ainda a OMS, ao realçar que, das cerca de três milhões de pessoas que vivem com VIH na região, apenas 63% recebem terapêutica antirretroviral.

A OMS alertou ainda que os sistemas de saúde não estão suficientemente preparados para futuras emergências sanitárias, numa altura em que o impacto das alterações climáticas na saúde está a tornar-se cada vez mais significativo, apontando o exemplo das mais de 61 mil mortes relacionadas com ondas de calor em 2022.

Já ao nível dos profissionais de saúde, a OMS salienta que quase todos os países enfrentam uma “crise na força de trabalho”, devido à escassez e má distribuição pelos diferentes setores que prestam cuidados.

“A crescente procura de serviços de saúde está a superar a oferta de profissionais de saúde e isto é agravado pelas reformas iminentes e pela migração de profissionais de saúde de países de baixo para alto rendimento”, refere a OMS, apontando o exemplo dos 30% de médicos da Europa que estão com mais de 55 anos.

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