Os números hoje conhecidos são mais pessimistas que os previstos pelo Banco de Portugal (queda de 8,1%) e pelo Ministério das Finanças (-8,5%), estando em linha com as previsões do Conselho das Finanças Públicas (também -9,3%), mas sendo mais otimistas que os da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE, -9,4%) e que as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI, -10,0%).
Para 2021, a Comissão Europeia prevê um crescimento económico de 5,4% em Portugal (o mesmo valor que o previsto pelo Governo), uma revisão em baixa das suas estimativas de julho (crescimento de 6,0%), esperando ainda um crescimento de 3,5% do PIB em 2022.
O executivo europeu espera ainda uma deflação de 0,1% este ano, apontando para uma inflação de 0,9% em 2021 e de 1,2% em 2022.
De acordo com a Comissão Europeia, face à crise económica causada pela pandemia de Covid-19, “o turismo foi o setor mais afetado”, ficando o setor da hospitalidade “bem abaixo da sua capacidade”, não devendo “recuperar totalmente no horizonte das previsões” económicas feitas por Bruxelas.
“Com o relaxamento gradual das medidas de distanciamento social durante o verão, a economia começou a recuperar, e muitos setores, particularmente a indústria transformadora, voltaram em grande medida aos níveis pré-pandemia”, pode ler-se nas previsões económicas de outono hoje divulgadas.
Segundo Bruxelas, para o futuro “os riscos estão ainda numa dinâmica descendente devido à alta dependência de Portugal no turismo estrangeiro, onde a incerteza permanece significativa”.
“Nas componentes da procura interna, o consumo privado decresceu 13,3% (face ao período homólogo de 2019) no segundo trimestre, dado que surgiram poupanças ‘forçadas’ e por precaução nas famílias”, observa ainda a Comissão Europeia.
Bruxelas denota ainda que “o investimento contraiu 9,8% num todo com um declínio forte em investimento em equipamentos, mas o investimento na construção manteve um crescimento positivo”.
“Beneficiando de uma política de resposta do Governo à crise e ao ciclo de financiamento da UE [União Europeia], a procura doméstica deverá retomar os níveis pré-pandemia no final de 2022”, projeta ainda a Comissão.
Observando que “as exportações caíram mais que as importações”, Bruxelas denota que a prestação económica nesse campo “diferiu bastante entre bens e serviços”.
“Ao passo que a balança de bens melhorou e os volumes de comércio recuperaram a um ritmo sólido, a balança de serviços sofreu uma larga deterioração e tem perspetivas de recuperação muito piores”, segundo o executivo europeu.
A sustentar o pessimismo nesta área, Bruxelas assinala que “o turismo estrangeiro, que contabilizou 52% das exportações de serviços em 2019, caiu mais de 90% no segundo trimestre deste ano e permaneceu substancialmente abaixo dos níveis pré-pandemia durante o verão”.
“Como grande parte do setor depende do transporte áereo, Portugal também está a ter uma maior concorrência de destinos a que se chega mais frequentemente por estrada”, assinala Bruxelas.
A Comissão Europeia espera uma contração de 21% exportações e de 15,6% das importações em 2020, esperando uma recuperação de 9,7% e 7,5%, respetivamente, em 2021, baixando depois para um aumento de 5,4% nas exportações e 5,0% nas importações em 2022.
LUSA/HN
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