Comissão Europeia indica que metade dos países só recupera totalmente da pandemia em 2023

5 de Novembro 2020

Quase metade dos Estados-membros da União Europeia (UE) não vai conseguir recuperar totalmente a economia dos efeitos da Covid-19 até final de 2022, sendo que países dependentes do turismo, como Portugal, devem demorar mais, estima a Comissão Europeia.

“Quase metade dos nossos Estados-membros não deverão recuperar o seu Produto Interno Bruto [PIB] a níveis anteriores à pandemia até ao final de 2022”, declarou o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, falando em conferência de imprensa, em Bruxelas, na apresentação das previsões macroeconómicas de outono do executivo comunitário.

Segundo o responsável, esta estimativa “reflete a diferença na gravidade da pandemia e o rigor das medidas de contenção relacionadas”, mas também “diferenças nas respostas políticas internas e nas estruturas económicas”.

“Espera-se, inclusivamente, que os países com grandes setores de turismo demorem mais tempo a alcançar uma recuperação total”, acrescentou Paolo Gentiloni.

A Comissão Europeia reviu hoje em baixa o ritmo de retoma da economia da zona euro em 2021 face ao ressurgimento da pandemia da Covid-19, estimando agora que só recupere 4,2% após uma contração de 7,8% este ano.

Nas suas previsões económicas de outono, hoje publicadas, Bruxelas melhora ligeiramente as projeções macroeconómicas para este ano, antecipando agora um recuo do PIB na ordem dos 7,8% no espaço da moeda única – o que continua a ser um recorde negativo -, quando em julho, nas previsões intercalares de verão, apontava para uma queda de 8,7%.

Para o conjunto dos 27 Estados-membros, a Comissão também melhora em nove décimas a previsão de julho passado, antecipando agora um recuo de 7,4% este ano, contra 8,3% no verão.

Paolo Gentiloni explicou à imprensa que, para chegar a estas previsões, o executivo comunitário assumiu que “algum grau de medidas de contenção permanecerá em vigor ao longo do horizonte de previsão”, isto é, até 2022.

“Isto explica o caminho mais lento da recuperação”, realçou o comissário europeu, recordando que, “após um aperto significativo no quarto trimestre de 2020”, com a introdução de novas medidas de contenção como confinamentos mais ligeiros e encerramento de estabelecimentos, é esperado que “o rigor das medidas diminua gradualmente em 2021”.

Insistindo que “não é fácil ter sólidas previsões numa situação tão incerta”, Paolo Gentiloni deu como certo que “a pandemia causou a recessão mais profunda da história da UE no primeiro semestre de 2020, ultrapassando a que se verificou na grande crise financeira”.

“Esta contração, que foi desigual entre os Estados-membros, foi seguida de uma forte recuperação no terceiro trimestre, uma vez que as medidas de contenção foram atenuadas”, acrescentou o responsável, notando que, nas últimas semanas, “a retoma foi interrompida” devido ao ressurgimento das infeções.

Mas ainda antes desta segunda vaga da Covid-19, a Comissão Europeia verificou que “certas partes da indústria, como a construção e comércio a retalho recuperaram vigorosamente durante o verão, impulsionados por uma forte procura reprimida”, de acordo com Paolo Gentiloni.

Porém, o mesmo não aconteceu nos serviços que dependem de contactos de pessoa a pessoa, cujo níveis de atividade “têm permanecido mais fracos, uma vez que as medidas de contenção têm permanecido em vigor, afetando a procura e a oferta de serviços que envolvem, por exemplo, viagens, turismo, restaurantes e entretenimento”, adiantou o comissário europeu.

Portugal é um dos países europeus mais dependentes do setor do turismo, que tem vindo a pesar cada vez mais na economia nacional, representando quase 15% do PIB e 9% do emprego.

LUSA/HN

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