Vacinas não deverão ter efeito antes do outono

3 de Janeiro 2021

A Sociedade Portuguesa de Gestão de Saúde alertou hoje que, apesar de a campanha de vacinação contra a covid-19 tenha início este mês, os efeitos não serão sentidos antes do outono, “na melhor das hipóteses”.

A entidade, que tem como objetivos, entre outros, a promoção da gestão de organizações de saúde e a divulgação da investigação em gestão na saúde, divulgou hoje o alerta em comunicado, tendo a direção admitido estar preocupada com algumas reações negativas da população, nomeadamente quando é indicada uma data para a sua vacinação com base no simulador do SNS/DGS.

“Embora a vacinação se inicie no concreto no decorrer deste mês, os efeitos benéficos da mesma não se sentirão na comunidade seguramente antes do outono na melhor das hipóteses”, avisa a sociedade, avançando exemplos de calendarização das vacinas.

“Uma pessoa de 85 anos que não tenha aparentemente nenhuma doença grave só deverá ser vacinada em abril ou maio deste ano se as regras atuais forem mantidas. Se a pessoa tiver 55 anos ainda nem sequer tem data provável, sendo que a sua vacinação poderá acontecer por cálculo simples lá para junho/julho ou até mais tarde”, refere.

Sublinhando que a chegada a Portugal do primeiro lote de vacinas antes do fim de 2020 “foi apenas um ato simbólico que visou mostrar uma luz de esperança aos europeus e ao mundo”, a Sociedade de Gestão de Saúde garante que a ideia de que o fim da pandemia está “já ao virar da esquina”, não é verdade.

“A escolha preferencial de profissionais de saúde de apenas alguns hospitais centrais para as primeiras vacinações terá sido uma estratégia do Ministério da Saúde para criar na comunidade uma dose razoável de confiança na vacinação e nunca um prémio pelo trabalho de profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) na luta contra o covid-19”, refere.

Ainda assim, a entidade admite que essa decisão “poderá dar a oportunidade de um funcionamento a 100% de todas as unidades de saúde do SNS já no fim deste mês”.

Com isto, poderá ser possível “recuperar parcial, mas rapidamente aquilo que se perdeu em 2020 de milhares de consultas, exames e cirurgias que deveriam ter sido efetuadas”.

No entanto, apesar de ser possível “ver uma luz ao fundo do túnel”, o caminho a percorrer ainda é longo e “é preciso manter a guarda”, avisa.

“A quantidade de vacinas a chegar a Portugal tem vários imponderáveis e ninguém poderá garantir o número e o momento exato da chegada das mesmas”, refere a direção da Sociedade de Gestão de Saúde, reiterando que ainda não mudou nada no controlo da pandemia e recomendando que se continue “o seu esforço de contenção e cuidados de acordo com as regras já conhecidas”.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.827.565 mortos resultantes de mais de 83,9 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Portugal contabiliza pelo menos 7.045 mortos associados à covid-19 em 423.870 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

O estado de emergência decretado em 09 de novembro para combater a pandemia foi renovado até 07 de janeiro, com recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado.

O Governo decidiu manter as medidas previstas para o Natal, mas agravou as do período do Ano Novo, com recolher obrigatório a partir das 23:00 de 31 de dezembro, e a partir das 13:00 nos dias 01, 02 e 03 de janeiro.

É também proibido circular entre concelhos entre as 00:00 de 31 de dezembro e as 05:00 de 04 de janeiro.

O funcionamento dos restaurantes em todo o território continental é permitido até às 22:30 no último dia do ano, e até às 13:00 nos dias 01, 02 e 03 de janeiro.

LUSA/HN

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