“Hoje é o Dia Mundial do Doente e a sensação que temos é a de que não está a ser preparado o pós-pandemia e podemos ter mais uma vaga, mas com os doentes que têm as suas patologias agravadas e que não foram atempadamente tratados”, disse Carlos Cortes aos jornalistas, no final de uma visita ao Instituto Português de Oncologia (IPO) Francisco Gentil, em Coimbra.
O dirigente lamentou que tenha sido criada, em setembro, uma ‘task-force’ para os doentes não Covid-19 e que, passados cinco meses, não exista “nenhuma informação sobre o que este grupo anda a fazer”.
Para o presidente da SRCOM, é importante que seja apresentado já um plano consistente, em que seja preparado o pós-pandemia “para os hospitais poderem acolher de novo esses doentes, que são muitos”.
“Recentemente, tivemos informação de que há milhares de doentes que não têm sido tratados, tendo havido a nível nacional uma redução da referenciação do doente oncológico de 20%”, disse Carlos Cortes, salientando que estas situações “vão ter de ser acauteladas”.
Segundo o médico, “o marco da gestão desta pandemia tem sido precisamente a falta de planeamento e de prevenção”.
“Parece que temos apanhado todas as situações pandémicas como uma surpresa, como algo que não sabíamos que poderia acontecer”, sublinhou.
O presidente da SRCOM considera “absolutamente incompreensível” que, em cinco meses, aquela ‘task-force’ ainda não tenha apresentado “nenhum trabalho, um plano e diretrizes para como os hospitais se têm de comportar em relação aos doentes não Covid-19”.
“Os hospitais vão ter de se preparar nos próximos meses para acolher todos esses doentes”, frisou.
Carlos Cortes elogiou o trabalho do IPO de Coimbra que, em 2020, e apesar da pandemia, aumentou o número de consultas relativamente a 2019 em 2,6%, além de ter mantido uma “atividade cirúrgica razoável, aumentado o número de tratamentos no hospital de Dia e também o número de referenciação hospitalar em toda a região Centro”.
“Este hospital é central para o doente oncológico e recebe doentes de todos os hospitais da região Centro, permitindo que esses hospitais se possam dedicar mais às patologias Covid-19”, referiu ainda o dirigente, enfatizando o contributo do IPO de Coimbra.
Lusa/HN
0 Comments