Em declarações à Lusa, o diretor médico da Lilly em Portugal, Luís Laranjeira, explicou que este anticorpo – a que deram o nome de LY-CoV555 e que resulta de uma colaboração com a empresa de biotecnologia AbCellera – impede a entrada nas células humanas do vírus que provoca a covid-19.
“O que vimos em laboratório é que este potencial medicamento é muito eficaz ao ligar-se às proteínas em volta do vírus, impedindo a acoplagem do vírus e a sua entrada nas células humanas”, explicou.
O responsável disse que esta fase do estudo, a primeira, pretende testar a segurança e a tolerabilidade deste anticorpo em doentes internados em três centros nos EUA (Nova Iorque, Los Angeles e Atlanta) e deverá ter os primeiros resultados “no final deste mês, início do próximo”.
“Só depois é que avançamos para uma segunda fase, para avaliar a eficácia”, explicou, lembrando que, ao mesmo tempo, a empresa irá na segunda fase avançar também para a produção”, disse, acrescentando: “Claro que se não vier a ser aprovado ou se tiver algum problema a produção é destruída e não será utilizada”.
“Como estamos numa luta de contrarrelógio contra a pandemia, o que a Lilly pretende é ter no final do ano já umas centenas de milhares de doses de potencial medicamento para o caso da fase 2, que avançará em doentes em ambulatório, se correr bem”, sublinhou.
Luís Laranjeira explicou ainda que, além de um tratamento, este anticorpo também pode vir a ser usado em doentes mais idosos ou com doenças autoimunes, que habitualmente não podem levar a vacina.
“Nestes doentes, a pequena infeção que a vacina provoca para estimular o sistema imunitário a produzir anticorpos para o vírus poderia ser muito grave”, explicou.
“Vamos querer avaliar se nestes doentes internados não há problemas de segurança nem de tolerabilidade e saber ao fim de quanto tempo temos concentrações máximas do medicamento e durante quanto tempo se mantêm”, explicou.
“Na segunda fase, esperamos estender a mais centros, com doentes em ambulatório, e provavelmente fora dos Estados Unidos. Sempre em doentes muito selecionados para sermos rápidos, pois o objetivo é conseguir ter o potencial medicamento ainda este ano”, acrescentou.
Este anticorpo foi desenvolvido pelos cientistas da Lilly em três meses, depois de a AbCellera e o Vaccine Research Center at the National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID) o terem identificado a partir de uma amostra de sangue de um doente americano que recuperou da covid-19.
Questionado sobre a forma de administração, o responsável da Lilly disse que deverá ser injetável e, em princípio, de toma única. “Vamos ver como é que este anticorpo se comporta. Tudo está ainda a ser avaliado”.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 418 mil mortos e infetou mais de 7,4 milhões de pessoas em todo o mundo. Pelo menos 3,3 milhões de doentes foram considerados curados pelas autoridades de saúde.
Portugal regista hoje 1.505 mortes relacionadas com a covid-19, mais um do que na quinta-feira, e 36.180 infetados, mais 270, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde.
LUSA/HN
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