Costa defende que se houver racionalidade haverá acordo europeu

1 de Julho 2020

O primeiro-ministro defendeu hoje que, se houver racionalidade no Conselho Europeu, então Holanda, Suécia, Dinamarca e Áustria estarão empenhadas num acordo em torno da proposta da Comissão para a criação de um fundo de recuperação.

“Partindo do princípio de que todos são racionais, não vejo nenhuma razão para que a Holanda, a Suécia, a Áustria e a Dinamarca estejam menos empenhadas do que nós estamos na recuperação económica do conjunto da Europa”, declarou António Costa em resposta aos jornalistas no Castelo de Elvas, distrito de Portalegre, tendo ao seu lado o presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez.

Momentos antes, Costa e Sánchez tinham participado nas cerimónias oficiais que assinalaram a reabertura da fronteira entre Portugal e Espanha, em que também estiveram presentes o rei de Espanha, Filipe VI, e o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Questionado sobre as dificuldades que Espanha e Portugal enfrentam para conseguir ver aprovadas em Conselho Europeu as propostas de fundo de recuperação (no valor de 750 mil milhões de euros) e de Quadro Financeiro Plurianual (2021/2027), o primeiro-ministro português começou por observar que “a União Europeia é feita a 27 e há pontos de vista diversos”.

“Aquilo que todos temos de perceber é que esta não é uma crise de uns países, sendo antes uma crise global de toda a União Europeia. Aliás, as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económicos (OCDE) são muito claras: Não há nenhum país da União Europeia que não vá sofrer uma crise económica muito importante”, apontou.

Com o chefe do Governo espanhol a escutá-lo, António Costa defendeu depois que, para que os Estados-membros possam sair em conjunto da atual crise, “é preciso juntar as sinergias que o mercado interno desta União Europeia constitui”.

“E isso é tão importante para Portugal como para a Holanda, tão importante para a Espanha como para a Suécia, tão importante para a Itália como para a Dinamarca, tão importante para a Alemanha como para a França – é fundamental para todos”, argumentou.

Neste contexto, António Costa elogiou a ação do Banco Central Europeu (BCE), dizendo que desta vez “não perdeu dois anos até fazer aquilo que era necessário para travar qualquer risco de pressão sobre as dívidas soberanas”.

Estendeu depois os elogios à Comissão Europeia, considerando que “agilizou a reprogramação dos fundos europeus, agilizou as normas de concorrência e, sobretudo, avançou com uma proposta histórica de fundo de recuperação, que é, de facto, uma oportunidade extraordinária no sentido de juntar esforços das economias mais desenvolvidas do mundo para uma forte recuperação económica”.

“Isso é decisivo para estes países, para a Europa, mas também para o mundo todo, porque a recuperação económica da Europa será uma alavanca fundamental para a recuperação da economia à escala global”, acrescentou.

Interrogado se a reabertura da fronteira portuguesa com Espanha foi uma decisão política, ou, antes, uma decisão sanitária, António Costa alegou que “não há decisões políticas nesta fase que não tenham uma dimensão sanitária”.

“Nós hoje, por muita vontade que tenhamos de abrir fronteiras, sabemos que a abertura das fronteiras tem de ser feita tendo em conta quais são as condições sanitárias que existem. E hoje aquilo que é fundamental é todos estarmos conscientes de que os portugueses que forem a Espanha têm de cumprir em Espanha as regras e as normas de sanidade que existem em Espanha, e os espanhóis que venham a Portugal são muito bem-vindos e têm de cumprir em Portugal as normas sanitárias que nós temos em Portugal”, frisou.

LUSA/HN

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