“Faltam muitos trabalhadores nos CTT, estamos a trabalhar com muitos menos pessoas. Desde o inicio da pandemia, há correio de dois em dois dias, a nível nacional. Não há distribuição nacional domiciliária diária. A distribuição é feita quando há pessoas, de dois em dois dias”, disse aos deputados da comissão parlamentar de Economia o coordenador da comissão de trabalhadores dos CTT, José Rosário.
José Rosário começou a sua intervenção por explicar que a comissão de trabalhadores pediu para ser ouvida porque a empresa está à beira do fim do contrato de concessão e o ano atual é “um dos anos mais importantes na vida” dos CTT, cujos trabalhadores querem dar a conhecer o que existe hoje na empresa e o seu futuro.
“No ano passado não conseguimos cumprir nenhum indicador de qualidade. E nos últimos anos a empresa anunciou planos de investimento, mas no concreto tudo isto não se tem vindo a verificar”, denunciou José Rosário.
A comissão de trabalhadores acusou ainda os CTT de “aproveitam” a pandemia para rescindir contratos e não renovar contratos de prestação de serviços, usando-a como “uma desculpa para justificar o incumprimento do contrato de concessão”.
José Rosário contou aos deputados que “faltam muitos trabalhadores” nos CTT e que a empresa está a trabalhar “com muitos menos” pessoas e que também há falta de meios, salientando a necessidade de um “investimento forte” na frota para a distribuição dos objetos.
“Vendemos património necessário para instalações condignas e foi desaparecendo desde a privatização”, disse ainda, precisando que esta venda é já um “problema” em Lisboa, onde faltam instalações.
A comissão de trabalhadores defende que o contrato de concessão dos CTT devia “ser revisto para garantir valores mínimos, áreas de distribuição, tempos de distribuição”, assegurando que a distribuição é feita em todo o território nacional e toda a população tem acesso a uma agência de correios.
Em maio passado, os sindicatos representativos de trabalhadores dos CTT pediram uma reunião ao ministro das Infraestruturas sobre o que chamaram “situações graves” na empresa que querem que volte para a tutela do Estado.
Na carta enviada ao ministro, oito dos dez sindicatos que representam os trabalhadores dos CTT, afirmaram que a situação nos Correios de Portugal tem vindo a “deteriorar-se a todos os níveis”, e acusaram a Comissão Executiva da empresa de pôr em causa “a necessária estabilidade sociolaboral”, ao alterar unilateralmente a forma de pagamento do subsídio de refeição, que passou a ser feita por cartão, entre outras medidas.
Segundo a missiva, os CTT também não têm cumprindo os requisitos de qualidade da prestação de serviços às populações e empresas, verificando-se, nomeadamente, atrasos na distribuição de correspondência, mesmo antes da pandemia, apesar de os trabalhadores estarem sujeitos a intensos ritmos de trabalho.
Perante a situação da empresa, os sindicatos, naquela carta, consideraram “fundamental o retorno dos CTT à esfera do Estado”.
No final de maio, os trabalhadores fizeram greve contra a proposta de atribuição de um cartão de refeição como forma de pagamento do subsídio de alimentação, que substituiu o pagamento no vencimento mensal por transferência bancária, tendo os CTT lamentado o motivo na base da greve e apelado ao “sentido de responsabilidade” dos sindicatos.
O contrato de concessão do serviço postal universal, que foi celebrado entre o Estado e os CTT, vigora até ao final de 2020.
LUSA/HN
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