Gritando palavras de ordem como “A saúde é um direito, não é um negócio” ou “Contratação, sim. Precariedade, não”, os profissionais de saúde revelaram a sua insatisfação pela carga horária semanal naquele hospital, superior à praticada nas restantes instituições do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Aquilo que se verifica é que há uma exploração intensificada quer com precariedade a recibos verdes, quer com salários inferiores […], cargas horárias superiores – de 40 horas –, quando nas instituições do SNS são de 35 horas, e horas noturnas e fins de semana que são pagos a valor inferior”, adiantou Isabel Barbosa, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
De acordo com a enfermeira, os enfermeiros entram no Hospital Beatriz Ângelo a ganhar 1.050 euros, em 40 horas, quando, atualmente, o salário base é de 1.200, em 35 horas.
“Os enfermeiros – nestas instituições – assim que conseguem uma instituição que lhes ofereça melhores condições de trabalho, saem”, salientou Isabel Barbosa, acrescentando que o modelo das PPP “afeta os cuidados prestados aos utentes”.
Exigindo melhores condições de trabalho e novas contratações, os enfermeiros mostraram-se disponíveis para se reunirem com o Conselho de Administração e o Governo, no sentido de encontrar uma solução para os profissionais do Hospital Beatriz Ângelo.
“Estamos disponíveis para iniciar [conversações], assim que estiverem disponíveis, com a Administração ou com o Governo, porque, de facto, a passagem para a esfera pública é um problema resolvido no Ministério da Saúde e junto do Governo”, realçou Isabel Barbosa.
Também no local, encontrava-se Elisa Boaventura, da Comissão de Utentes da União de Freguesias de Camarate, Unhos e Apelação, que alertou para a sobrelotação da unidade hospitalar.
“O Hospital Beatriz Ângelo está sobrelotado porque abrange muitos concelhos, muitas freguesias e não tem enfermeiros e médicos suficientes para abranger tanta gente”, afirmou, em declarações à agência Lusa.
Segundo Elisa Boaventura, há “uma sobrecarga muito grande”, porque “os centros de saúde não funcionam”.
“Os utentes têm de recorrer efetivamente ao Hospital Beatriz Ângelo. Chegando aqui, ao Beatriz Ângelo, esperamos horas e horas, porque não há médicos suficientes e não há enfermeiros suficientes para dar resposta a tanta gente”, disse.
LUSA/HN
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