“No mercado português de investimento, o primeiro semestre de 2020 somou um total aproximado de 1,7 mil milhões de euros, sendo que 94% desse valor dizem respeito a transações fechadas ao longo do primeiro trimestre”, indicou, em comunicado, a Savills.
De acordo com a consultora imobiliária, só nos primeiros três meses do ano registaram-se 1,5 mil milhões de euros de investimento total excecional, quase metade do volume de investimento de 2018 e 2019.
Esta evolução é justificada com o fecho de grandes transações nos segmentos de retalho, escritórios e hotéis.
Assim, “comparativamente ao primeiro trimestre de 2020, o mercado registou uma quebra muito acentuada de 87% e face ao período homólogo de 2019 a descida cifrou-se nos 16%”, precisou.
Citado no mesmo documento, o ‘head of country’ da Savills Portugal, Paulo Silva, notou que a pandemia teve um “impacto muito significativo no mercado imobiliário”, sobretudo, nos setores de retalho e hotelaria.
“Apesar da incerteza quanto a uma potencial segunda vaga e o controlo da mesma, há uma dinâmica importante a nível dos ativos de promoção que sublinha a confiança dos investidores com o médio/longo prazo”, acrescentou.
De janeiro a junho foram realizadas 25 transações, cinco delas correspondem à venda de portefólios de escritórios, retalho e hotéis num total de mais 1,2 mil milhões de euros, ou seja, 81% do volume total de investimento do primeiro semestre.
No entanto, face aos primeiros seis meses de 2019, o número de negócios fechados cedeu 19%.
A consultora sublinhou ainda que o capital estrangeiro “continua a ser dominante” no mercado português, representando 76% das operações fechadas, sendo que os investidores americanos lideram no que concerne ao maior volume de capital investido.
“Com a pandemia a atingir Portugal no final do mês de março, o ritmo de atividade do mercado de escritórios deu sinais de abrandamento significativo”, referiu.
Até março, o mercado de escritórios em Lisboa perdeu 24% face ao ano anterior, e o volume de ocupação situou-se nos 43.934 metros quadrados (m2) com o fecho de operações cujos processos já estavam a decorrer desde 2019.
Já no mercado do Porto, o volume de absorção cresceu 38% com “um começo de ano muito positivo”.
Por setor, o retalho foi o mais afetado pelo novo coronavírus levando a “uma descida significativa de preços”, enquanto o ‘online’ avançou potenciado pelo confinamento.
Entre janeiro e março, o volume de absorção deste segmento fixou-se em 139.519 metros quadrados (m2), sendo que 81% destes correspondem a renovações de contratos e 16% a novos contratos.
“O aumento do consumo de produtos pela via digital veio testar a capacidade de adaptação e resposta das empresas e operadores logísticos a esta nova realidade, obrigando retalhistas e fabricantes a fazer ajustamentos ao negócio”, considerou, citada no mesmo documento, a diretora de retalho da Savills Portugal, Cristina Cristóvão.
O impacto do comércio ‘online’ poderá levar a uma redução da área das lojas físicas e a um aumento da procura por áreas maiores de armazenamento, estimou a consultora.
Por sua vez, no período em análise, o setor residencial sofreu quebras de 24% em Portugal continental, com os preços a baixarem, em média, 8%.
Porém, o alívio das restrições impostas durante a quarentena traduziu-se num aumento, em maio e junho, de 0,8% nos preços, neste mercado, e 11% no volume de vendas.
“A manutenção das taxas de juro em níveis muito baixos e a elevada disponibilidade de capital vão continuar a favorecer o investimento em ativos imobiliários. O impacto da pandemia irá influenciar de forma direta os ativos imobiliários”, concluiu a ‘market research associate’ da Savills Portugal, Alexandra Portugal Gomes.
O Savills ‘Global Market Sentiment’ foi realizado em 33 mercados, entre 03 e 05 de junho.
NR/HN/LUSA
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