Pela primeira vez nos Estados Unidos os mais velhos têm maior risco de desemprego

21 de Outubro 2020

Os trabalhadores mais velhos enfrentam nos EUA, pela primeira vez em cinco décadas, uma maior probabilidade de desemprego dos que os homólogos mais jovens, de acordo com um relatório divulgado na terça-feira pela New School University, em Nova Iorque.

De acordo com este relatório, consultado pela Associated Press (AP), a pandemia da doença (Covid-19) aumentou o desemprego em flecha em todas as faixas etárias, mas a perda de postos de trabalho foi mais acentuada em pessoas com 55 anos ou mais, em comparação com os colegas entre os 35 e os 54 anos.

É a primeira vez desde 1973 que há uma disparidade desta dimensão durante mais de seis meses, explicita a investigação.

Os desempregados mais velhos também costumam demorar o dobro do tempo a arranjar outro emprego, em comparação com os homólogos mais jovens, estima a AARP, uma organização norte-americana focada na representação de trabalhadores com mais de 50 anos.

A pandemia poderá “empurrar as pessoas para fora da força laboral”, impedindo-as de regressar por causa da idade, completa a vice-presidente da AARP para o Programa de Resiliência Financeira, Susan Weinstock.

Desde o início da crise económica decorrente da pandemia que o rácio de trabalhadores mais velhos desempregados é maior do que o dos homólogos mais jovens. Esta taxa está a aumentar todos os meses em comparação com o mês anterior.

Há taxa de desemprego nos Estados Unidos para este segmento da população está atualmente nos 9,7%, enquanto que a da população mais jovem é de 8,6%.

A dificuldade em arranjar empresa é ainda maior se, por exemplo, os trabalhadores são mulheres, afro-americanos ou carecem de formação superior.

Legasse Gamo, de 65 anos, ficou desempregado em março. Trabalhava na área de transporte de bagagem no aeroporto Reagan National, em Arlington, Virgínia.

Apesar de reconhecer que tem receio de arranjar emprego atualmente por causa da probabilidade de contrair a Covid-19, Gamo diz que está preparado para aceitar qualquer oportunidade que surja.

Os investigadores também concluíram que os empregadores têm resistência à contratação de pessoas mais velhas e priorizaram os despedimentos deste segmento, uma vez que esta parte da população é mais suscetível à pandemia e ao desenvolvimento de doenças.

Este rácio de desemprego poderá encaminhar muitos norte-americanos para a reforma antecipada, piorando a condição financeira de uma parte substancial da população ativa mais envelhecida e exacerbando as disparidades financeiras no país.

A New School University estima que 1,4 milhões de trabalhadores com mais de 55 perderam o emprego desde abril. Uma parte substancial destes cidadãos continuava desempregada em setembro.

LUSA/HN

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