Especialista do Governo chinês assegura que segunda vaga no país é improvável

2 de Novembro 2020

O principal especialista em doenças infecciosas na China considera improvável uma segunda vaga de infeções pelo novo coronavírus no país, numa altura em que os casos disparam em vários países europeus.

Zhong Nanshan disse numa conferência que, embora a China continue a lutar contra surtos esporádicos, os controlos existentes significam que é “improvável” que haja um ressurgimento generalizado da transmissão, “na casa das dezenas de milhares”.

“Temos uma experiência inestimável acumulada. O Governo central adotou uma estratégia de bloquear a propagação no epicentro, enquanto pratica métodos de prevenção em massa em outros lugares”, disse Zhong.

“Esta é a chave para a nossa vitória decisiva”, explicou.

A China tomou medidas duras para controlar um surto em Kashgar, ao isolar a cidade, que fica em Xinjiang, no extremo noroeste do país, e testar cerca de 4,75 milhões de pessoas em cerca de três dias.

Xinjiang registou, até à data, um total de 54 casos confirmados. A primeira infeção deste surto, o mais recente no país, foi relatada em 24 de outubro, mas a origem dos casos permanece desconhecida.

Na província de Shandong, no nordeste do país, as autoridades estão a tentar rastrear um lote de carne de porco congelada importada do Brasil, após a descoberta, na quinta-feira passada, de vestígios do coronavírus numa embalagem.

O rastreamento tornou-se outra estratégia importante para o controlo da doença na China. No domingo, mais de oito mil amostras de produtos e embalagens, além de funcionários que podem ter manuseado a mercadoria importada do Brasil, foram testados pelas autoridades na cidade de Yantai.

Os resultados foram todos negativos, segundo as autoridades.

Os clientes de uma churrascaria e os compradores no mercado de carnes nas proximidades de Weihai, para onde parte da carne de porco seguiu, foram solicitados a realizarem o teste de ácido nucleico no sábado.

Embora cientistas estrangeiros tenham expressado dúvidas de que alimentos congelados possam causar infeções, pesquisadores do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças de Pequim e da Academia Chinesa de Ciências Médicas publicaram descobertas no mês passado que ligam salmão importado a um surto em Pequim, em junho passado, que envolveu 335 casos.

Zhong disse que a China vai continuar a viver com estes surtos “esporádicos” e que não deve relaxar as medidas de prevenção da epidemia.

“O ambiente atual na China é seguro agora, mas isso foi conquistado com dificuldade”, disse.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 1,2 milhões de mortos e mais de 46,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 2.544 pessoas dos 144.341 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

Na Europa, incluindo em Portugal, vários países estão a introduzir medidas de confinamento e distanciamento social mais rígidos, à medida que as infeções aumentam.

Os Estados Unidos aproximaram-se também de um recorde de 100 mil novas infeções diárias.

A China não está sozinha no Pacífico, no sucesso na contenção do vírus. Também a Coreia do Sul, Nova Zelândia ou Taiwan registaram estratégias bem-sucedidas.

Taiwan cruzou, na semana passada, um marco de 200 dias sem novos casos de covid-19, excluindo importados.

LUSA/HN

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