Os números mais otimistas, do FMI, contrastam com os do Governo e da Comissão Europeia, que apontam de forma igual para um crescimento do PIB de 5,4%, ao passo que o Conselho das Finanças Públicas (CFP) espera uma recuperação de 4,8% em 2021.
O Banco de Portugal divulgou em 14 de dezembro a sua atualização de previsões, apontando para um crescimento económico de 3,9% em 2021, esperando ainda crescimentos de 4,5% e 2,4% em 2022 e 2023, respetivamente.
A previsão mais pessimista é a da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que aponta para um crescimento económico de apenas 1,7% no próximo ano.
Para 2020, o FMI aponta para uma queda de 10,0% da economia portuguesa, com a Comissão Europeia e o CFP a esperarem uma recessão de 9,3%, o Governo de 8,5%, a OCDE de 8,4% e o Banco de Portugal de 8,1%.
Nos números do Governo, patentes no relatório do Orçamento do Estado para 2021, o executivo aponta para “um contributo positivo, tanto da procura interna (4,1 p.p.), como da procura externa líquida (1,3 p.p.), por via de um maior dinamismo das componentes de consumo privado, investimento e consumo público, e de um crescimento das exportações mais intenso que o esperado para as importações”.
“Assim, para 2021, prevê-se um aumento do consumo privado em 3,9%, após uma redução esperada de 7,1% em 2020”, pode ler-se no documento, que também dá conta de “uma gradual melhoria no mercado de trabalho, levando a um ligeiro aumento no rendimento disponível das famílias e a uma redução da taxa de poupança”, estimando ainda “um crescimento do consumo público de 2,4% em 2021 (-0,3% em 2020)”.
Já o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, assinalou, na apresentação do Boletim Económico de dezembro, que o final do ano de 2020 prejudicará a recuperação económica em 2021.
“Nós não divulgamos projeções trimestrais, mas temos uma recuperação gradual claramente mais a partir do segundo trimestre, da economia, em 2021, sendo que o que aqui está subjacente é precisamente alguma manutenção de medidas de contenção no primeiro trimestre de 2021 e depois, então, um retomar da atividade económica com mais intensidade a partir e incluindo o segundo trimestre” de 2021, disse.
Face ao crescimento previsto para 2022 (4,5%), “a taxa de crescimento para 2021 está muito afetada pelo mau ponto de partida originado no quarto trimestre de 2020”, disse Mário Centeno, considerando que “é um pouco enganadora para a dinâmica que, trimestre após trimestre, se irá consubstanciando em Portugal”.
Relativamente ao crescimento da dívida pública, o Governo estima que atinja os 130,9% em 2021, depois de uma previsão de 134,8% para 2020.
“Prevê-se uma redução do rácio de -3,9 p.p. [pontos percentuais] para 130,9% do PIB. O principal contributo será dado pela retoma do crescimento nominal do PIB e, em segundo plano, pela redução dos depósitos das administrações públicas em cerca de 1,7 p.p. do PIB”, pode ler-se no relatório do OE2021.
A previsão do Governo aproxima-se das do FMI (130,0%) e da Comissão Europeia (130,3%), ficando abaixo das previsões do CFP (134,5%) e OCDE (139,7%).
O Banco de Portugal projeta ainda que após uma subida de 6,5% para 7,2% em 2020, a taxa de desemprego deverá aumentar ainda mais em 2021, para 8,8%, descendo depois para 8,1% e 7,4%, respetivamente, em 2022 e 2023.
Para 2021, além da previsão do BdP, a OCDE aponta para uma taxa de desemprego de 9,5%, o CFP de 8,8%, o Governo de 8,2%, e o FMI e a Comissão Europeia de 7,7%.
Em 2021, o Governo espera ainda uma descida do défice dos 7,3% previstos para 2020 para 4,3%, ao passo que a Comissão Europeia aponta para um défice de 4,5%, o CFP de 3,2%, FMI de 2,7%, e a OCDE de 6,3%.
Para o próximo ano está ainda marcada a avaliação das medidas relativas ao Pacto de Estabilidade e Crescimento da Comissão Europeia, que estão atualmente suspensas, mas que poderão estar de volta em 2022, data em que o Governo já prevê ter o défice dentro dos limites pedidos por Bruxelas (3%).
O ministro de Estado e das Finanças, João Leão, já salientou que “é importante não cometer os mesmos erros que foram cometidos na anterior crise, em que se tentou voltar à consolidação orçamental cedo demais”.
“No momento certo, e em 2021, dependendo da evolução da pandemia, temos de equacionar como é que vamos prever e ter as regras para 2022. Mas ainda é cedo demais para definir desde já quais é que serão as regras”, disse, em dezembro, João Leão.
LUSA/HN
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