O Murpi estranha que as autoridades da saúde “não tenham relevado para o primeiro plano da vacinação as pessoas mais idosas, que são um grupo vulnerável, independentemente das comorbilidades”, afirmou a confederação em comunicado hoje divulgado.
Para a entidade, as pessoas com mais de 75 anos devem constituir um grupo prioritário e receber a vacina até final de março próximo.
“É inadmissível que este plano [do Ministério da Saúde] relegue a vacinação deste grupo social para a segunda fase, salvaguardando, somente, aqueles que apresentem, concomitantemente, doenças graves: respiratórias, cardíacas e renais”, refere o Murpi, lembrando que a Ordem dos Médicos também discordou dos critérios de prioridade na vacinação contra o SARS-COV-2.
“A confederação Murpi realça o facto de o Governo relegar para segundo plano a vacinação prioritária deste grupo social em contraste com as medidas inicialmente tomadas de confinamento, que agravaram a situação de isolamento das pessoas idosas”, afirma.
A Ordem dos Médicos defendeu na sexta-feira a mudança de critérios de vacinação, considerando que deve ser privilegiado o fator idade, para facilitar a identificação dos grupos-alvo e permitir reduzir a mortalidade, morbilidade e pressão nos serviços.
A posição foi justificada pelo bastonário dos médicos, Miguel Guimarães, com o facto de “a taxa de letalidade variar de cerca de 0,3% na faixa dos 50 aos 59 anos até aos 13,6% acima dos 80 anos”.
“Nesse sentido, os profissionais e os residentes em lares, unidades de cuidados continuados e aqueles idosos que são acompanhados diretamente pelas famílias, beneficiariam da vacina logo numa primeira fase. Da mesma forma, no que aos profissionais de saúde diz respeito, defendemos que o fator idade e doenças associadas deveria ser considerado na seleção inicial, independentemente da unidade de saúde, região do país ou setor em que desenvolvessem a sua atividade”, argumentou num ofício dirigido ao ministério de Marta Temido.
O Plano Regional de Vacinação Covid-19 estabelece três fases, a começar pela população mais idosa e pelos profissionais do sistema de saúde, público e privado, ao que se seguem as pessoas com comorbilidades e, depois, o resto da população.
A estimativa aponta que sejam vacinadas 50 mil pessoas na primeira fase; outras 50 mil na segunda fase, e, por fim, 100 mil pessoas.
A campanha de vacinação arrancou no domingo em Portugal, à semelhança de outros países da União Europeia.
A vacina é facultativa, gratuita e universal, sendo assegurada pelo SNS.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.827.565 mortos resultantes de mais de 83,9 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 7.045 pessoas dos 423.870 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
LUSA/HN
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