Governo do Brasil confirma compra de mais 54 milhões de doses da Coronavac

30 de Janeiro 2021

A compra por parte do Governo Federal surge dois dias após o Butantan que, em parceria com o laboratório chinês Sinovac, produz a Coronavac em território brasileiro, ter ameaçado exportar as 54 milhões de doses desse imunizante caso o Ministério da Saúde não sinalizasse, até ao final desta semana, interesse na aquisição

Pese a decisão, anunciada em Novembro de que o País não iria adquirir a vacina desenvolvida pela China, Jaír Bolsonaro acabou por ceder e anunciou na sexta-feira a compra de mais 54 milhões de doses da vacina contra a covid-19 Coronavac, que serão incluídas no Plano Nacional de Imunizações (PNI).

“O Ministério da Saúde irá firmar o contrato de compra junto à Fundação Butantan na semana que vem. Além disso, a pasta está solicitando a antecipação do registo da vacina junto à Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária, órgão regulador], para ampliar a vacinação para toda a população brasileira”, informou a tutela em comunicado.

“Junto às 46 milhões de doses já adquiridas, o Governo Federal garante, com antecedência, 100 milhões de doses da Coronavac ao PNI”, acrescentou o Ministério.

A compra por parte do Governo Federal surge dois dias após o Butantan que, em parceria com o laboratório chinês Sinovac, produz a Coronavac em território brasileiro, ter ameaçado exportar as 54 milhões de doses desse imunizante caso o Ministério da Saúde não sinalizasse, até ao final desta semana, interesse na aquisição.

Segundo o executivo, presidido por Jair Bolsonaro, a distribuição da Coronavac para as 27 unidades federativas do país será definida na próxima semana.

No total, o Brasil garantiu 354 milhões de doses de vacinas contra a covid-19, sendo 100 milhões provenientes do Butantan, de acordo com a pasta da Saúde.

A Coronavac está, desde o ano passado, no centro de um confronto político entre Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, o rival político do Presidente, e que tem a vacina a ser desenvolvida no seu Estado.

O próprio Ministério da Saúde chegou a acertar a compra desse imunizante no ano passado, mas foi desautorizado na sequência por Bolsonaro, que se recusou a utilizar a vacina na população.

Contudo, e apesar da relutância do mandatário, a agência reguladora do Brasil aprovou em 17 de janeiro o uso de emergência da Coronavac no país, que se encontra a ser aplicada em vários profissionais de saúde por todo o país.

Ainda na sexta-feira, a Anvisa confirmou à imprensa local que recebeu o pedido de registo definitivo da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela AstraZeneca, com parceria em território brasileiro com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A vacina Oxford/AstraZeneca já teve o seu uso de emergência aprovado pela Anvisa, também em 17 de janeiro, mas tenta agora a validação definitiva, para uso geral na população.

Em caso de aprovação, a Fiocruz poderá produzir e até vender a vacina, caso haja uma fabricação mais rápida no futuro. Segundo a Anvisa, o prazo máximo para a decisão final de registo é de 60 dias.

“Quando finalizada a análise, o registo concedido pela Anvisa será o sinal verde para que a vacina seja comercializada, distribuída e utilizada pela população, nos termos da indicação estabelecida na bula “, informou a agência reguladora.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (222.666, em mais de nove milhões de casos), depois dos Estados Unidos.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.191.865 mortos resultantes de mais de 101 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

NR/HN/LUSA

 

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