Cientistas britânicos vão investigar mistura de vacinas diferentes entre doses

4 de Fevereiro 2021

Um estudo financiado pelo Governo britânico vai investigar a possibilidade de misturar diferentes tipos de vacinas contra a covid-19 entre a primeira e a segunda dose com segurança e sem diminuir a eficácia, foi esta quinta-feira anunciado.

Cientistas britânicos pretendem testar várias combinações com as vacinas Pfizer/BioNTech e Oxford/AstraZeneca entre a primeira e segunda dose, alternando também intervalos de quatro e 12 semanas entre as doses, adiantou o Ministério da Saúde em comunicado.

Os testes clínicos vão envolver mais de 800 voluntários com mais de 50 anos e prolongar-se ao longo de 13 meses para acompanhar a resposta imunitária para ver se é maior ou menor do que o método recomendado pelas farmacêuticas.

O estudo, financiado com sete milhões de libras (oito milhões de euros), vai ser conduzido pelo Consórcio Nacional de Avaliação do Calendário de Imunização (NISEC) em oito hospitais ingleses com o apoio do Instituto Nacional de Investigação em Saúde (NIHR).

“Devido aos desafios inevitáveis de imunizar um grande número da população contra a Covid-19 e as potenciais restrições da oferta mundial, há vantagens em ter dados que poderiam apoiar um programa de imunização mais flexível, se for necessário e se for aprovado pelo regulador de medicamentos”, justificou hoje o diretor geral adjunto de Saúde de Inglaterra, Jonathan Van-Tam.

No início de janeiro, as autoridades de saúde britânicas desaconselharam a mistura de vacinas de fornecedores diferentes devido à falta de dados sobre as consequências, mas não excluíram mudar as recomendações no futuro.

Antes, em dezembro, a farmacêutica europeia AstraZeneca e o instituto de pesquisa russo Gamaleya, que desenvolveu a vacina Sputnik V, anunciaram a realização de ensaios clínicos para avaliar a segurança da utilização conjunta das duas vacinas que desenvolveram contra o novo coronavírus.

O anúncio deste novo estudo surge um dia após terem sido publicados os resultados de uma análise aos ensaios clínicos realizado pela Universidade de Oxford, a qual concluiu que a vacina desenvolvida em conjunto com a farmacêutica AstraZeneca reduz a transmissão do vírus em 67% após a primeira dose.

Os cientistas concluíram também que a vacina mostra uma eficácia de 76% contra infeções após a primeira dose da vacina, eficácia que se mantém por três meses, e que a eficácia aumenta para 82% após uma segunda dose tomada três meses depois.

O ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, disse que os dados “validam a estratégia” do Governo britânico, que decidiu adiar a administração da segunda dose de três semanas para até 12 semanas para assim chegar ao maior número de pessoas e tentar reduzir os casos de infeção e de hospitalização.

O Reino Unido ultrapassou na quarta-feira a marca de 10 milhões de pessoas vacinadas, mostrando estar em vias de cumprir o objetivo de vacinar cerca de 15 milhões de pessoas dos primeiros quatro grupos prioritários até 15 de fevereiro.

No total, até ao final de terça-feira foram vacinadas 10.021.471 pessoas com a primeira dose, das quais 498.962 também já receberam a segunda dose.

O Reino Unido é um dos países mais afetados pela pandemia Covid-19, tendo registado 109.335 mortes, o maior número na Europa e o quinto maior a nível mundial, atrás dos Estados Unidos, Índia, Brasil e México.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.253.813 mortos resultantes de mais de 103,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 13.257 pessoas dos 740.944 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

LUSA/HN

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