Brasil minimiza risco da vacina da AstraZeneca e descarta suspender imunização

17 de Março 2021

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), maior centro de investigação médica do Brasil e vinculado ao Governo, minimizou hoje os possíveis riscos gerados pela vacina da AstraZeneca contra a covid-19 e descartou a suspensão da imunização no país.

A posição foi expressa por Nisia Trindade, presidente da Fiocruz, laboratório que detém os direitos para produzir a vacina no Brasil e que já começou a fabricar os 222 milhões de doses que o Governo encomendou, num pronunciamento diante da Comissão Externa do Enfrentando à Covid-19 da Câmara dos Deputados.

A presidente afirmou que a decisão de alguns países europeus de suspender temporariamente a vacinação com o antídoto desenvolvido pela farmacêutica anglo-sueca e pela Universidade de Oxford foi tomada por precaução, mas que ainda não existem evidências de que a sua utilização possa ter efeitos colaterais, como tromboses ou embolia pulmonar.

“É muito importante dizer que essa suspensão faz parte do cuidado que deve ser exercido com todas as vacinas e esclarecer que tanto a Agência Reguladora Europeia (EMA, na sigla inglesa) quanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomendam que se suspenda a vacinação”, disse a especialista.

“Mas são cautelas dos países, que naturalmente têm que ser respeitadas”, acrescentou Nisia Trindade, que destacou os novos pronunciamentos feitos hoje pela EMA e pela OMS para manter a vacinação.

A presidente da Fiocruz citou que, até ao momento, 17 milhões de pessoas foram vacinadas com o imunizante da AstraZeneca apenas na União Europeia e no Reino Unido, e que os problemas que levaram à suspensão foram mínimos e que ainda não há evidências de que estejam relacionados com a imunização .

“Não há evidência de aumento do risco, seja de trombose ou de embolia pulmonar. Os eventos relatados são em menor número do que o que seria observado nos grupos que normalmente têm esses problemas, independentemente da vacinação”, acrescentou.

A diretora da EMA, Emer Cooke, afirmou estar “firmemente convencida que as vantagens da vacina AstraZeneca na prevenção da covid-19, com o seu risco associado de hospitalização e morte, superam o risco dos seus efeitos secundários”.

Emer Cooke acrescentou que não hesitarão em tomar medidas caso os especialistas detetem na sua investigação algum problema “que não possa ser resolvido”, embora, de momento, nenhuma “evidência” tenha sido encontrada que sugira que este antídoto cause diretamente problemas de coagulação sanguínea em pacientes vacinados.

Vários países europeus, entre eles Portugal, Alemanha, Espanha, França e Itália, suspenderam por precaução o uso da vacina nas suas campanhas de imunização, aguardando que a EMA conclua a investigação científica sobre a existência de um vínculo causal com os casos de tromboses e embolias reportados por diferentes autoridades.

O Governo brasileiro já confirmou a compra de 222,4 milhões de doses dessa vacina, denominada Covishield, e, até fevereiro, havia recebido quatro milhões.

Outros 3,8 milhões estão previstos para este mês, mas já produzidos no país pela Fiocruz, além de 2,9 milhões de doses da mesma marca, mas fornecidos pela plataforma global Covax.

O ministro da Saúde cessante do Brasil, Eduardo Pazuello, afirmou na segunda-feira que o Governo já contratou um total de 562,9 milhões de doses de vacinas, de vários laboratórios, só para este ano.

O Brasil é o segundo país do mundo mais afetado pela pandemia em números absolutos, ao totalizar 11.519.609 casos e 279.286 mortes devido à covid-19.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.661.919 mortos no mundo, resultantes de mais de 122,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

LUSA/HN

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